Por De São Paulo
Com a chegada dos cultivos que servem de abrigo para a Fauna
e a redução de conflitos com fazendeiros prejudicados pela perda de
bezerros atacados por onças, uma nova realidade se instalou na
convivência entre conservação e agronegócio. A questão se irradia para
outras atividades produtivas, como a geração de energia. "Começaremos a
monitorar onças-pardas no entorno dos reservatórios para entender essa
relação", revela Sônia Hermsdorff, gerente de Meio Ambiente da AES Tietê.
O mapeamento vai abranger usinas Hidrelétricas
em três bacias hidrográficas: a Usina de Promissão, na bacia do rio
Tietê; a Usina Água Vermelha, no rio Grande, e a Usina de Caconde, no
rio Pardo. O projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto
Pró-Carnívoros, tem o objetivo de gerar dados que sirvam de referência
para o manejo e conservação da onça-parda também em outras regiões. O
levantamento da Fauna de mamíferos é uma exigência do órgão ambiental para a renovação da licença das antigas Hidrelétricas.
"Predadores de grande porte, que estão no topo da cadeia alimentar e
precisam de áreas maiores para sobreviver, são ótimos indicadores sobre a
qualidade ambiental e a ideia é utilizá-los como ferramenta de
conservação", explica Sandra Cavalcanti, pesquisadora do Pró-Carnívoros.
Os biólogos estudarão como o animal utiliza os diversos ambientes. "No
Estado de São Paulo, o mais rico e populoso do país, a vegetação nativa
está bastante fragmentada e as onças se adaptam circulando entre
plantações de cana e eucalipto."
No Pantanal,
a convivência de onças com atividades produtivas é antiga e, ao longo
do tempo, exigiu pesquisas e iniciativas capazes de tornar a relação
menos conflituosa. Entre as medidas já testadas está a remuneração de
produtores rurais que deixam de matar o animal como costumavam fazer
para se proteger do prejuízo com a perda do gado. Atualmente, há
projetos de aClimatação e adaptação dos felinos à presença de turistas, com objetivo de promover safaris e incentivar o ecoturismo.
No Mato Grosso do Sul, na planície pantaneira, propriedades rurais são
alvo de pesquisas envolvendo também a arara-azul. O trabalho, conduzido
há vinte anos pela pesquisadora Neiva Guedes promove Educação Ambiental
e o manejo da espécie com a instalação de ninhos artificiais para a
reprodução. "Hoje os fazendeiros pedem para participar do projeto e ter
ninhos de arara-azul se tornou até uma questão de status", conta. Há
duas décadas, existiam apenas 1,5 mil exemplares, hoje a população
supera 4,5 mil.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário