Fabiana Mascarenhas l A TARDE
Emissão de CO2 pelas indústrias é uma das causas do aquecimento em todo o planeta
Dados divulgados em dezembro pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), durante a conferência climática de Copenhague, indicam que a última década – 2001 a 2009 – foi a mais quente da história mundial. De acordo com o órgão, 2009 provavelmente será o quinto ano mais quente já visto. Os outros anos com as temperaturas mais elevadas foram 1998, 2005, 2006 e 2007. Os resultados definitivos serão divulgados pela OMM em março. De acordo com informações do 4º Distrito Regional do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com sede em Salvador, houve um aumento médio na temperatura anual de 1° C na Bahia no período de 1961 a 2008. Considerando somente a capital, o aumento foi de 0,6° C no mesmo período. “Esse aumento ocorreu, principalmente, na região do Recôncavo baiano e na área central do Estado, mas isso é variável. Em alguns pontos, a elevação foi superior a 1° C e em outros a temperatura ficou abaixo disso”, explica a meteorologista do órgão, Marinês Cardoso. Impacto - Segundo o meteorologista do Instituto de Gestão do Clima e das Águas (Ingá), Heráclio Alves, as áreas que já registram temperaturas quentes são as que mais sofrem com este aumento, a exemplo da região da caatinga. “Nesses locais, ocorrem perdas de reservas hídricas, a umidade do solo diminui e há prejuízos para o gado, já que eles se alimentam do pasto. Esses fatores também geram impacto econômico, já que muitos dependem da agricultura”. Já para aqueles que moram nas cidades, segundo Heráclio Alves, essa elevação pode ser percebida na sensação de desconforto. “Estamos perdendo cada vez mais áreas verdes, e, com a verticalização da cidade, a circulação de ar diminui, o que acaba gerando mais calor”, esclarece. O Inmet não tem dados sobre um aumento gradual da temperatura nos últimos 10 anos, como o feito em nível mundial pela OMM. De acordo com a meteorologista Marinês Cardoso, a avaliação climática é realizada em uma média de 30 anos. Uma análise foi feita entre os anos de 1931 e 1960 – período em que houve um aumento na temperatura média de 0,5° C – e uma outra entre os anos de 1961 e 1990 – período em que o aumento da temperatura permaneceu em 0,5° C. “O órgão só fará uma nova avaliação no ano de 2020”, esclarece a meteorologista. Segundo ela, no entanto, os registros mostram que as temperaturas têm sido altas na capital. “A média da temperatura máxima em um mês como dezembro, por exemplo, é de 29° C, e registramos no mesmo mês de 2009 uma média de 31,9° C. No dia 27 de dezembro, a temperatura chegou a 34,2° C”, afirmou, acrescentando que a previsão para janeiro e fevereiro é de temperaturas acima da média, que são de 29,9° e 30° C, respectivamente. As maiores temperaturas médias anuais registradas em Salvador foram nos anos de 1963 (34,4°), 1998 (35,2°), 2006 (34,7°), 2008 (34,3°) e 2009 (34,5°). As cidades mais quentes do Estado estão localizadas, em sua maioria, na região nordeste e oeste. Em dezembro de 2009, por exemplo, a média das temperaturas máximas foram registradas nos municípios de Cipó (35,7°), Paulo Afonso (34,8°), Serrinha (34,7°), Feira de Santana (34,8º) e Alagoinhas (34,3°). Em Salvador, a média das máximas no mês chegou a 31,9° C, sendo a temperatura média anual em 2009 de 25,8° C. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o ano mais quente foi 1998, em grande parte devido ao fenômeno El Niño, que levou a um aquecimento anormal do Oceano Pacífico. Leia reportagem completa na edição impressa do Jornal A Tarde deste domingo, 10, ou, se você é assinante, acesse aqui a versão digital.