17 de abril de 2013

Quase 100 cidades baianas têm água racionada em consequência da seca

De 326 cidades, 96 enfrentam racionamento no estado, aponta Embasa.


Nesta terça-feira (16), a Ilha de Itaparica iniciou o racionamento.

Egi Santana Do G1 BA

Ilha de Itaparica, na Bahia (Foto: Genildo Lawinscky/TV Bahia)Ilha de Itaparica, na Bahia, inicia racionamento nesta terça-feira (Foto: Genildo Lawinscky/TV Bahia)
Dos 362 cidades que recebem água encanada no estado, 96 estão enfrentando racionamento por conta da seca que afeta a Bahia há mais de quatro meses. As informações são da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), concessionária do serviço. A Bahia tem, ao todo, 417 cidades.
Nesta terça-feira (16), a Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, começou a ter a água racionada.
Segundo a Embasa, o motivo foi a falta de chuva esperada para o final de março e também a alta na demanda, provocada pelo calor que permanece mesmo com o fim do verão.
Esses fatores, segundo o órgão, influenciaram para baixar o nível da barragem, que abastece duas sedes municipais, 26 localidades da Ilha de Itaparica e um distrito do município de Jaguaripe. O manancial está com 16% da capacidade total de acumulação, alerta a empresa. A redução de 50% no abastecimento vai durar por três meses.
Municípios como Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia, enfrenta o racionamento pela segunda vez em menos de um ano. Segundo a Embasa, a estimativa era que, entre novembro de 2012 e fevereiro deste ano, o nível de água das chuvas chegasse a 700 milímetros na região de Barra do Choça, onde ficam duas barragens que abastecem a cidade. No entanto, o índice não ultrapassou os 290 milímetros de água.
Hot dog do Valdino, em Brotas (Foto: Egi Santana/G1)Vendedora prepara o cachorro-quente em ponto de
venda da capital (Foto: Egi Santana/G1)
A situação de estiagem também fez com que mais de 50% das cidades entrassem em estado de alerta por conta do problema, segundo a Defesa Civil do Estado (Cordec).
Alimentos
O problema da seca afeta também as lavouras, o que gera aumento dos preços dos produtos para o consumidor. Um dos vilões, o tomate, subiu mais de 100% em alguns pontos de vendas porque o fruto consumido no estado está sendo importado de plantações irrigadas do Ceará.
Só em Salvador, o preço da cesta básica subiu mais de 30% nos últimos dias. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), no mês de março, dos 12 produtos, os que mais subiram foram banana, em 20,57%, farinha de mandioca, em 12,34%, e o feijão, em 12,08%, custando entre R$ 5,38 e R$ 7,38 o quilo. A alta também foi registrada nos preços do arroz e do café, além do tomate.
A alta acumulada nos últimos 12 meses na capital já chega a 32,63%, sendo que a cesta básica sai por R$ 281,05 na capital baiana. É o segundo maior aumento entre as 18 capitais pesquisadas.
Enxurrada em Livramento de Nossa Senhora (Foto: Bento Ribeiro/ São Timóteo em Foco)Enxurrada em Livramento de Nossa Senhora
(Foto: Bento Ribeiro/ São Timóteo em Foco)
Chuvas
Mesmo com as chuvas que têm caído em parte do estado, o problema da seca na Bahia deve continuar, de acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Segundo a meteorologista Marinês Cardoso, os registros de chuvas no estado ainda são considerados "pontuais". "Na região sudoeste, por exemplo, o prazo de chuvas está previsto para terminar no final de abril. Há chuvas pontuais, mas não temos no satélite previsão de chuvas suficientes para amenizar o problema da seca", aponta. Conforme explica a especialista, os índices pluviométricos estão abaixo da meta trimestral na maior parte do estado, principalmente nas regiões do semi-árido, do oeste e do sudoeste.
"A chuva agora vem para o litoral, como já podemos ver em Salvador. No litoral, sim, pode ser que tenhamos chuvas consideráveis. Além disso, o sul do estado também é uma região onde as chuvas podem ser em quantidade considerada alta, mas isso ainda não temos como precisar porque o período de chuvas dessas regiões está apenas começando", explica Marinês Cardoso. A expectativa é que as chuvas, ao fim de abril, retornem somente a partir do mês de outubro.
incêndio chapada diamantina bahia (Foto: Fabiana Carvalho/ Arquivo Pessoal)Incêndio na Chapada Diamantina (Foto: Fabiana Carvalho/ Arquivo Pessoal)
Incêndios
A seca também tem gerado incêndios em áreas de preservação do estado. Somente neste ano, pelo menos dois grandes incêndios foram registrados na Bahia. Um deles, no Vale do Capão, na Chapada Diamantina, uma das áreas que mais atrai turistas no interior, consumiu pelo menos 500 hectares no mês de janeiro. Em março, foi a Serra da Fumaça, na região norte do estado, devastou uma área ainda não dimensionada pelo Corpo de Bombeiros da região.
O últimos dos incêndios, também em março, na Serra de Nossa Senhora Sant'anna, em Carrapichel, distrito de Senhor do Bonfim, consumiu uma área maior que 100 campos de fiutebol, ou 1.100 hectares, segundo a Secretaria do Meio Ambiente do município. Senhor do Bonfim também enfrenta um racionamento de água. O fogo na região só foi contido com o auxílio de aviões-tanque.
Protestos
Na segunda-feira (15), produtores rurais da região de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, usaram animais mortos para pedir providências dos governos municipal, estadual e federal contra os problemas provocados pela seca.
Os produtores rurais saíram em passeata pelas ruas de Feira de Santana e foram até a frente da agência do  Banco de Nordeste. No local, despejaram carcaças de animais que morreram por causa da seca. Os trabalhadores querem garantir cestas básicas para o trabalhador rural, parcelamento dos débitos com instituições financeiras, além de construção de barragens e açudes.
Investimentos
Um levantamendo da Defesa Civil do estado aponta que, no período de seca compreendido entre 2012-2013, foram investidos mais de R$ 3 bilhões em medidas de combate à situação na Bahia.
Já com relação à seca em todo o Nordeste, no dia 2 de abril, em Fortaleza, a presidente Dilma Rousseff prometeu que o governo federal irá investir mais de R$ 2 bilhões para enviar aos 1415 municípios nordestinos atingidos pela seca uma máquina retroescavadeira, uma motoniveladora, um caminhão pipa, um caminhão caçamba e uma pá carregadeira.  Além disso, segundo a presidente, serão construídas este ano cerca de 240 mil cisternas para consumo humano no nordeste, além de 67 mil cisternas de produção.

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