16 de julho de 2013

Desafios de conservação da biodiversidade

Secretário Executivo da CDB fala sobre desafios de conservação da biodiversidade em palestra no JBRJ

dfBráulio Dias vê as instituições de pesquisa como parceiros fundamentais para o cumprimento das metas do Protocolo de Nagoia.

Desde que assumiu o cargo de Secretário Executivo da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), em 2012, Bráulio Dias, ex-Secretário Nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, enfatiza qual a prioridade do seu mandato – implementação. Em palestra no Museu do Meio Ambiente, dia 11 de julho, o Secretário comentou sobre os desafios da CDB no Brasil e no mundo para fazer cumprir metas de conservação da biodiversidade e ressaltou a importância do Jardim Botânico neste cenário.
A Convenção sobre Diversidade Biológica nasceu no Rio de Janeiro no âmbito da ECO 92. Foi criada com objetivos de conservação da biodiversidade, mas também com metas de promoção do uso sustentável e repartição justa e equitativa dos benefícios dos recursos naturais. Está, portanto, na interface entre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, pois leva em conta também aspectos sociais e econômicos.
“Os problemas da perda de biodiversidade não nascem na área ambiental. Eles surgem de setores que usam ou impactam a biodiversidade, como o madeireiro, o de energia, o da exploração pesqueira, da agropecuária, dos impactos da urbanização etc.”, disse Dias. Por isto, acredita o Secretário, é essencial avançarmos em mecanismos de conscientização, no Brasil e no mundo. 

Para Dias, a CDB, nestes últimos 20 anos, foi eficiente em seu principal papel, o de negociar acordos internacionais. ”Temos hoje uma agenda global sobre biodiversidade”, orgulha-se o Secretário. 

A Convenção adotou em 2010 o Protocolo de Nagoia, um plano estratégico com vinte metas globais, as chamadas Metas de Aichi. “As metas são uma referência internacional para biodiversidade, seguidas por outras convenções que lidam com o tema e pelos órgãos da ONU. Também temos estimulado bastante a convergência das grandes ONGs internacionais”, salientou Dias. 

No entanto, para o Secretário, permanece a questão: como unir forças em torno da implementação destas metas? Apesar do êxito em acordar uma agenda internacional, Dias reconhece que existe uma distância grande entre compromissos assumidos e a realidade dos países. “Estamos falando de mudar a forma como lidamos com o mundo. Sabemos que o 'business as usual' não vai mais resolver”, afirmou.
hEntre as prioridades, Dias cita as metas que compõem o primeiro dos quatro grandes objetivos do Protocolo: cuidar das causas últimas que promovem a perda da biodiversidade. Entre elas está a promoção de mudanças nos sistemas de produção e consumo, explicitada na Meta 4.
A reforma dos instrumentos econômicos com vias a sustar incentivos e subsídios a atividades que causam prejuízos à biodiversidade faz parte da Meta 3. Inserir a biodiversidade nas políticas e planos nacionais de redução da pobreza e nas contas nacionais é o objetivo da Meta 2. A Meta 1 fala em fazer com que todos os cidadãos do mundo entendam os valores da biodiversidade e saibam o que podem fazer para evitar suas perdas.

“A única saída que eu vejo para a implementação destes objetivos é reforçar parcerias, somar esforços. Nenhuma instituição tem capacidade de fazer tudo sozinha. Para ganhar escala você tem que trabalhar com políticas públicas e engajar os diversos setores”, disse Dias.

O Secretário exortou o Brasil a assumir papel de liderança internacional neste contexto. “Nós temos soluções, capacidade institucional e de pesquisa. O Brasil tem potencial de exercer liderança pelo exemplo, de compartilhar experiências”, disse Dias, complementando esta visão com a da importância de institutos de pesquisa como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro: “Este é um lugar privilegiado na cidade, que, por sua vez, é um local privilegiado no mundo. Ele pode e deve se tornar um centro de referência para tudo que está acontecendo”, concluiu Dias.

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