Gerar mapas de sensibilidade ambiental para ecossistemas costeiros
do sul da Bahia e entender a dinâmica marinha frente a cenários de
mudanças climáticas na região. Esse é o trabalho realizado por
pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia
(Lamce) da Coppe/UFRJ, no âmbito do Projeto Japi, que acompanham as
atividades de avaliação, pela Queiroz Galvão Exploração e Produção, de
um bloco de gás natural a poucos quilômetros da costa dos municípios de
Belmonte, Canavieiras e Una, no Sul da Bahia.
Batizado em homenagem a uma ave comum na região, o Projeto
Japi, desenvolvido em parceria com o Núcleo de Estudos Ambientais (NEA)
do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, revela a
dinâmica da sensibilidade ambiental dos ecossistemas da região, um dos
mais ricos do país, proporcionando maior capacidade e agilidade no
processo de monitoramento, prevenção e mitigação de acidentes
ambientais. O projeto abrange uma área de 2.507 km2, dos quais 1.782 km2
são de superfície marinha.
O local serve como rota migratória para algumas espécies de
baleia, como a franca e a jubarte, e botos são vistos frequentemente
nos baixos cursos dos rios. Os ambientes de manguezais, restingas e
coqueirais se alternam ao longo da faixa litorânea, cuja linha de costa
tem cerca de 95 km de extensão.
Até o momento a empresa investiu no projeto cerca de R$ 4
milhões, contemplando a aquisição de plataformas de coletas de dados,
imagens de satélites, campanhas de campo e pesquisas laboratoriais.
Levantamento aponta direção e intensidade de ventos, correntes e ondas
O trabalho vem sendo realizado desde junho de 2011 por uma
equipe multidisciplinar da Coppe formada por engenheiros, geógrafos,
oceanógrafos e meteorologistas. “Estamos levantando dados sobre a
direção e intensidade dos ventos, de correntes, ondas e sobre a vazão
fluvial da região, onde desaguam os rios Una, Pardo e Jequitinhonha”,
explica o professor Luiz Landau, coordenador geral do projeto.
Para elaborar os mapas, os pesquisadores fizeram a
caracterização física da costa da região a partir de imagens obtidas por
satélites e utilizaram modelos computacionais, atmosféricos e
hidrodinâmicos. Segundo Luiz Paulo Assad, coordenador técnico do Núcleo
de Modelagem Ambiental do Lamce, a experiência acumulada pelo
Laboratório em trabalhos anteriores voltados para o monitoramento
ambiental de atividades petrolíferas no Norte do país contribuiu muito
para os estudos que estão sendo realizados no Sul da Bahia.
Conhecimento integral do ambiente
Algumas praias da região já foram reconhecidas pelo Ministério
do Meio Ambiente como locais de desova esporádica ou secundária de
algumas espécies de tartaruga marinha. Em junho de 2006 foi criada a
Reserva Extrativista de Canavieiras (Resex de Canavieiras), com o
objetivo de garantir a manutenção dos recursos naturais às comunidades
locais.
Os pesquisadores também estudaram a economia local, onde a
atividade pesqueira tem grande importância. “Há na região dezenas de
colônias e associações de pescadores, o que aumenta a pressão sobre a
indústria petrolífera por maior zelo no local e sobre o governo por
maior proteção legal através da criação de unidades de conservação”,
afirma Adriano Vasconcelos, responsável pela parte de sensoriamento
remoto e sensibilidade ambiental do Projeto Japi.
“Para uma região de natureza ímpar como o Sul da Bahia, que
recebe grande fluxo de turistas e tem entre suas atrações a pesca
esportiva e extensas praias, é fundamental conhecer suas
características. Esse é o maior legado desse projeto”, afirma Adriano.
Mudanças climáticas: Alterações na Circulação Marinha
Os estudos realizados pelos pesquisadores do Lamce também
permitiram traçar cenários que consideram os efeitos das mudanças
climáticas na região. Com relação à circulação marinha, os resultados
identificaram para os próximos 100 anos uma possível diminuição do nível
do mar na região estudada.“Estamos olhando para o que ocorre hoje, mas
também já começamos a estudar o que pode acontecer daqui a 50 ou 100
anos”, explica Luiz Paulo Assad.
A primeira etapa do projeto, iniciado em junho de 2011,
será concluída no final de 2013. O Lamce entregará o mapa de
sensibilidade ambiental da região. Com isso, a empresa terá um
instrumento estratégico para elaborar e gerenciar táticas operacionais
em momentos de situação de emergência. Os resultados do estudo
desenvolvido serão disponibilizados às comunidades locais.
Uma segunda fase do trabalho, cujo objetivo é a aquisição
de dados para melhorar a capacidade de previsão dos modelos
computacionais, iniciada em novembro de 2012, deve se estender até maio
do ano que vem. Há possibilidade de renovação do contrato com a Coppe
para dar continuidade aos estudos.
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