Doença de Chagas, dengue e tuberculose são destaques na revista Memórias do IOC
Produzido
por pesquisadores de sete instituições, entre brasileiras e
estrangeiras, um artigo publicado na nova edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz
apresenta recomendações para a busca de fármacos contra a doença de
Chagas. O trabalho ressalta a variabilidade genética do parasito Trypanosoma cruzi
como um fator que pode impactar o efeito dos medicamentos e propõe
quatro regras para padronizar os estudos. Outro destaque é um
levantamento que detectou a presença de mosquitos Aedes albopictus
em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal, além de em outros 18
países das Américas. Este inseto é geneticamente muito próximo do Aedes aegypti,
o mosquito transmissor da dengue. Considerando a capacidade do A.
albopictus de propagar vírus, os pesquisadores reforçam a necessidade de
medidas de controle voltadas para esta espécie. O monitoramento do Aedes aegypti
também é tema de uma pesquisa publicada na edição. Conduzido por um ano
em quatro cidades brasileiras, o estudo comparou duas metodologias para
uso de armadilhas de captura de mosquitos com o objetivo de estimar a
quantidade de A. aegypti presente. Além disso, a revista traz
um artigo sobre as perspectivas para a vacinação oral contra a
tuberculose. Os cientistas abordam aspectos históricos e pesquisas
recentes e defendem que a imunização oral pode ser uma forma de reforçar
a imunidade contra a doença, especialmente entre adultos e
adolescentes, que não são protegidos de forma eficiente pela vacina BCG.
A edição de setembro das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz está disponível gratuitamente online. Acesse aqui.
Recomendações para triagem de fármacos contra doença de Chagas
Os cerca de 10 milhões de portadores da doença de Chagas contam hoje com apenas duas drogas para tentar combater o parasito causador da infecção, o Trypanosoma cruzi. Únicos medicamentos disponíveis, o benzonidazol e o nifurtimox provocam fortes reações adversas e nem sempre funcionam contra a forma crônica do agravo. Com o objetivo de tornar mais efetiva a busca por outras opções, cientistas de sete instituições apresentam em um artigo recomendações para padronizar as técnicas de triagem de novo fármacos. O trabalho destaca a importância de considerar a variabilidade genética dos parasitos nos ensaios, lembrando que existem seis grupos de T. cruzi com características distintas e, dentro de cada grupo, ainda há pequenas variações. Os pesquisadores apresentam quatro orientações para as pesquisas, incluindo a recomendação de que moléculas promissoras sejam testadas em duas ou três linhagens genéticas de cada grupo de T. cruzi. O artigo foi produzido em colaboração por cientistas da Universidade de São Paulo (USP); do Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Matérias (CNPEM); da Universidade Federal de Goiás (UFG); da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi); e de centros de pesquisa da Colômbia, Argentina e Reino Unido. Leia o artigo.
Inseto semelhante ao mosquito da dengue se espalha pelo Brasil
Em alguns países africanos, o mosquito Aedes albopictus tomou o lugar do Aedes aegypti como principal transmissor da febre chikungunya. Natural da Ásia, o A. albopictus foi encontrado pela primeira vez no continente americano em 1985 e chegou ao Brasil em 1986. Até hoje, não há registros de participação de insetos desta espécie na disseminação de viroses na região, mas pesquisas já confirmaram que eles são altamente capazes de propagar os vírus causadores da febre chikungunya, da dengue e da febre amarela. Considerando o risco gerado pela atual epidemia de chikungunya no Caribe, pesquisadores de Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Ministério da Saúde fizeram um levantamento sobre a presença do A. albopictus nas Américas. No Brasil, a pesquisa mostrou que este mosquito já foi detectado em 59% dos municípios, em 24 estados e no Distrito Federal. Os cientistas realizaram, pela primeira vez, o cálculo do índice de infestação e encontraram, em 34 municípios, valores superiores para o A. albopictus do que para o A. aegypti. Ao todo, 19 países do continente – dos Estados Unidos à Argentina – identificaram este inseto. Segundo os cientistas, estes números indicam a necessidade imperiosa de implantar medidas de vigilância e controle do A. albopictus no Brasil e em outros países da região. Confira a pesquisa.
Desafios no monitoramento do Aedes aegypti
A estimativa da quantidade de mosquitos Aedes aegypti é o principal fator para estabelecer o risco de transmissão da dengue. Atualmente, ela é feita por meio da pesquisa de larvas em criadouros, mas diversos estudos apontam que armadilhas para capturar insetos fornecem um retrato mais preciso da infestação. Para avaliar formas de utilizar esta ferramenta, uma pesquisa foi conduzida por um ano em quatro cidades do Brasil. O estudo foi realizado com armadilhas MosquiTrap, que apreendem os insetos em fitas adesivas. Os cientistas compararam duas metodologias para identificar os A. aegypti capturados: a verificação feita no local pelos agentes de saúde e a análise realizada posteriormente em laboratório. A pesquisa apontou uma baixa taxa de concordância entre as duas abordagens, o que pode impactar no resultado do monitoramento. Além disso, os cientistas ressaltaram a importância de treinar os agentes de saúde para utilizar as armadilhas. O estudo foi realizado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC/Fiocruz); do Instituto de Pesquisas Científica e Tecnológica do Estado do Amapá (Iepa); do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular; e do Ministério da Saúde. Acesse o estudo.
Perspectivas para a vacinação oral contra tuberculose
Única vacina para tuberculose aprovada até hoje, a BCG confere proteção contra as formas severas da doença em recém-nascidos e crianças, mas não é capaz de gerar imunidade contra a infecção pulmonar em adolescentes e adultos. Em um artigo que aborda a história e as pesquisas recentes sobre imunizantes para a tuberculose, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) discutem as possibilidades de uma vacina oral para a doença e as vantagens que ela poderia ter. Segundo os pesquisadores, além de facilitar a administração, a via oral estimula o desenvolvimento da imunidade em uma região importante do corpo: as mucosas, tecidos que revestem os aparelhos respiratório, digestivo e urinário. Logo, as vacinas administradas desta forma podem ser mais eficientes para prevenir a infecção pulmonar. Além disso, os autores do artigo lembram que, no Brasil, uma formulação oral da BCG foi utilizada até 1974, sem registro de efeitos adversos importantes. Segundo eles, a substituição pela versão injetável ocorreu porque alguns testes indicavam baixa eficácia da via oral, mas, a partir dos anos 2000, novas pesquisas comprovaram sua capacidade de induzir a resposta imune contra a doença. Desta forma, os pesquisadores defendem novas discussões sobre o uso da vacina oral, que poderia servir como um reforço em indivíduos já imunizados. Veja o artigo.
fonte: fiocruz
Recomendações para triagem de fármacos contra doença de Chagas
Os cerca de 10 milhões de portadores da doença de Chagas contam hoje com apenas duas drogas para tentar combater o parasito causador da infecção, o Trypanosoma cruzi. Únicos medicamentos disponíveis, o benzonidazol e o nifurtimox provocam fortes reações adversas e nem sempre funcionam contra a forma crônica do agravo. Com o objetivo de tornar mais efetiva a busca por outras opções, cientistas de sete instituições apresentam em um artigo recomendações para padronizar as técnicas de triagem de novo fármacos. O trabalho destaca a importância de considerar a variabilidade genética dos parasitos nos ensaios, lembrando que existem seis grupos de T. cruzi com características distintas e, dentro de cada grupo, ainda há pequenas variações. Os pesquisadores apresentam quatro orientações para as pesquisas, incluindo a recomendação de que moléculas promissoras sejam testadas em duas ou três linhagens genéticas de cada grupo de T. cruzi. O artigo foi produzido em colaboração por cientistas da Universidade de São Paulo (USP); do Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Matérias (CNPEM); da Universidade Federal de Goiás (UFG); da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi); e de centros de pesquisa da Colômbia, Argentina e Reino Unido. Leia o artigo.
Inseto semelhante ao mosquito da dengue se espalha pelo Brasil
Em alguns países africanos, o mosquito Aedes albopictus tomou o lugar do Aedes aegypti como principal transmissor da febre chikungunya. Natural da Ásia, o A. albopictus foi encontrado pela primeira vez no continente americano em 1985 e chegou ao Brasil em 1986. Até hoje, não há registros de participação de insetos desta espécie na disseminação de viroses na região, mas pesquisas já confirmaram que eles são altamente capazes de propagar os vírus causadores da febre chikungunya, da dengue e da febre amarela. Considerando o risco gerado pela atual epidemia de chikungunya no Caribe, pesquisadores de Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Ministério da Saúde fizeram um levantamento sobre a presença do A. albopictus nas Américas. No Brasil, a pesquisa mostrou que este mosquito já foi detectado em 59% dos municípios, em 24 estados e no Distrito Federal. Os cientistas realizaram, pela primeira vez, o cálculo do índice de infestação e encontraram, em 34 municípios, valores superiores para o A. albopictus do que para o A. aegypti. Ao todo, 19 países do continente – dos Estados Unidos à Argentina – identificaram este inseto. Segundo os cientistas, estes números indicam a necessidade imperiosa de implantar medidas de vigilância e controle do A. albopictus no Brasil e em outros países da região. Confira a pesquisa.
Desafios no monitoramento do Aedes aegypti
A estimativa da quantidade de mosquitos Aedes aegypti é o principal fator para estabelecer o risco de transmissão da dengue. Atualmente, ela é feita por meio da pesquisa de larvas em criadouros, mas diversos estudos apontam que armadilhas para capturar insetos fornecem um retrato mais preciso da infestação. Para avaliar formas de utilizar esta ferramenta, uma pesquisa foi conduzida por um ano em quatro cidades do Brasil. O estudo foi realizado com armadilhas MosquiTrap, que apreendem os insetos em fitas adesivas. Os cientistas compararam duas metodologias para identificar os A. aegypti capturados: a verificação feita no local pelos agentes de saúde e a análise realizada posteriormente em laboratório. A pesquisa apontou uma baixa taxa de concordância entre as duas abordagens, o que pode impactar no resultado do monitoramento. Além disso, os cientistas ressaltaram a importância de treinar os agentes de saúde para utilizar as armadilhas. O estudo foi realizado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC/Fiocruz); do Instituto de Pesquisas Científica e Tecnológica do Estado do Amapá (Iepa); do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular; e do Ministério da Saúde. Acesse o estudo.
Perspectivas para a vacinação oral contra tuberculose
Única vacina para tuberculose aprovada até hoje, a BCG confere proteção contra as formas severas da doença em recém-nascidos e crianças, mas não é capaz de gerar imunidade contra a infecção pulmonar em adolescentes e adultos. Em um artigo que aborda a história e as pesquisas recentes sobre imunizantes para a tuberculose, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) discutem as possibilidades de uma vacina oral para a doença e as vantagens que ela poderia ter. Segundo os pesquisadores, além de facilitar a administração, a via oral estimula o desenvolvimento da imunidade em uma região importante do corpo: as mucosas, tecidos que revestem os aparelhos respiratório, digestivo e urinário. Logo, as vacinas administradas desta forma podem ser mais eficientes para prevenir a infecção pulmonar. Além disso, os autores do artigo lembram que, no Brasil, uma formulação oral da BCG foi utilizada até 1974, sem registro de efeitos adversos importantes. Segundo eles, a substituição pela versão injetável ocorreu porque alguns testes indicavam baixa eficácia da via oral, mas, a partir dos anos 2000, novas pesquisas comprovaram sua capacidade de induzir a resposta imune contra a doença. Desta forma, os pesquisadores defendem novas discussões sobre o uso da vacina oral, que poderia servir como um reforço em indivíduos já imunizados. Veja o artigo.
fonte: fiocruz
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