Segue abaixo algumas opiniões sobre a ponte problemática.
Vale lembrar que a comunidade não foi consultada.
Vejam...
João Ubaldo: "Ponte de Itaparica não é prioridade"
Claudio Leal
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Na apresentação do projeto, esboçado há cerca de 30 anos pela construtora baiana Noberto Odebrecht, Jaques Wagner garantiu que pretende iniciar "conversas com as prefeituras de Itaparica e Vera Cruz, e também com as comunidades locais", para estabelecer "um plano diretor que atenda às transformações que a nova ponte provocará na Ilha de Itaparica". Segundo o romancista, se a obra for levada adiante, sua terra natal correrá o risco de ser "favelizada":
- O impacto ambiental é brutal (...) Isso ia transformar Itaparica num subúrbio, ia acabar com a Ilha, esgotar a fonte de dinheiro turístico, porque ela não ia valer mais nada como atração turística. E agora ela pode ser trabalhada.
Há outras ponderações dos baianos. Na imagem exibida pelo governador, a ponte afetaria a vista do secular Forte São Marcelo, símbolo de Salvador, além de alterar a paisagem da Baía de Todos os Santos. Para não afetar a navegação, projeta-se a mobilidade da obra.
O governador Jaques Wagner exibe imagem do projeto
- Quem investir vai ter que ser uma empresa que aspire a viver mais de 100, 150 anos. É aí que ela vai começar a ganhar dinheiro com o que já gastou com o pedágio. Duvido que uma empresa que se candidate a fazer essa ponte aceite fazer pelo pedágio, pela concessão. Pergunte a eles pra ver se aceitam... - provoca Ubaldo.
Confira a entrevista:
Terra Magazine - O governador Jaques Wagner apresentou ao presidente Lula o projeto da ponte Salvador-Itaparica, que pode ser fixa ou móvel, com orçamento de R$ 1,5 bilhão. Como o senhor avalia a construção dessa ponte?
João Ubaldo Ribeiro - Essa ponte nunca vai ser construída. Contra ela, há diversos argumentos. Parece que eles estão pensando numa verba de 1 bilhão e quinhentos mil, não sei se dólares ou reais. Eu já obtive informações, conversando com amigos do ramo, que uma ponte dessa não sai por menos de 10 bilhões. E os brasileiros ficam falando em bilhão pra cá, bilhão pra lá... É uma besteira. Bilhão é muito dinheiro. Já seria um investimento que não tem prioridade. A prioridade de uma ponte dessa, diante do acúmulo das necessidades do País, é baixíssima. Está certo, vamos dizer que houvesse condições em que o País estivesse muito bem, não precisando investir em tantas áreas, como agora vai investir, segundo o governo, em casas populares. Mas isso é dinheiro que poderia ser investido em infra-estrutura portuária, em infra-estrutura rodoviária.
Itaparica não tem outras necessidades?
Não creio que seja defensável diante da opinião pública nacional e mesmo da baiana, porque haverá gente sensata que vai concordar comigo. É questão de realismo. Tantas outras coisas precisam ser feitas, na área da educação, na área de saúde, na área de infra-estrutura... Investir esse dinheiro todo nisso... Inclusive, se custar o estimado por esse povo que eu andei conversando, dez bilhões de dólares, o retorno disso em pedágio é praticamente um negócio de séculos. Quem investir vai ter que ser uma empresa que aspire a viver mais de 100, 150 anos. É aí que ela vai começar a ganhar dinheiro com o que já gastou com o pedágio. Duvido que uma empresa que se candidate a fazer essa ponte aceite fazer pelo pedágio, pela concessão. Pergunte a eles pra ver se aceitam... Não aceitariam porque os cálculos, na ponta do lápis, não batem. Além de tudo, Itaparica vai ser transformada com isso. Nós temos uma realidade brasileira de pobreza e exclusão. Itaparica vai se transformar numa espécie de subúrbio de Salvador e, provavelmente, favelizada.
Esse é um projeto que tem 30 anos, foi apresentado inicialmente pela construtora Odebrecht. O senhor não acredita que esse projeto vá adiante, mas, caso seja, qual será o impacto ambiental, social?
O impacto ambiental é brutal. Porque não vai sobrar uma touceira em Itaparica, com certeza. Seja da especulação imobiliária rica, querendo construir... Como diz um amigo meu, de ironia, "eu não sossego enquanto ainda não me bater com essa orla aqui da Ilha toda cercada de arranha-céus..." Não duvide, não: condomínios de luxo junto à favela, que é um padrão brasileiro. Enfim, isso ia transformar Itaparica num subúrbio, ia acabar com a Ilha, esgotar a fonte de dinheiro turístico, porque ela não ia valer mais nada como atração turística. E agora ela pode ser trabalhada. Ela já não rende o que rendia por uma série de porquês, por uma série de problemas. Itaparica tem uma vocação turística.
E ocorre o problema da violência, que nunca teve antes.
Pois é. E esse negócio já prejudicou muito. Aquilo parece que está sendo enfrentado pelo governo, que mudou as autoridades locais. Parece que a situação está melhorando, mas, assim mesmo, tem havido episódios que surpreenderiam qualquer um.
Puseram um delegado "linha dura".
Não conheço ele não, mas me disseram...
Além disso tudo, não há a Baía de Todos os Santos?
Aquelas águas são muito mais profundas que as águas daqui, da baía da Guanabara. As águas têm umas correntes marinhas que não foram devidamente estudadas. Fortíssimas. Enfim, não há condição, é tudo especulação. O máximo que poderia haver seria uma crise de corrupção qualquer, a empresa pegar o dinheiro sabendo perfeitamente que não ia dar e aí ficar com aqueles começos de fundação atravancando a entrada da baía. Isso é que ia haver. "Quando é que vai concluir? Mais dois bilhões! Agora tem que fazer manutenção porque já botou e ficou abandonado..." Isso já aconteceu no Brasil e pode acontecer.
Terra - Brasil
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3659820-EI6578,00.html
Jornalista: Para a Ilha de Itaparica, ponte é um embuste
Ana Muniz
Especial da Ilha de Itaparica (BA)
Jaques Wagner defende megaponte Salvador-Itaparica
Claudio Leal
Na abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), defendeu o projeto da megaponte Salvador-Itaparica, que motivou críticas do romancista João Ubaldo Ribeiro e um manifesto em defesa da Ilha de Itaparica e da Baía de Todos-os-Santos, assinado por alguns dos principais escritores brasileiros.
Durante o discurso anual, Wagner elencou mais uma justificativa para a construção da obra bilionária: reduzir a densidade demográfica de Salvador, com a ocupação dos espaços da maior ilha marítima brasileira e do Baixo Sul baiano.
João Ubaldo denunciou o risco de favelização do paraíso ecológico, com a urbanização predatória e o privilégio de condomínios fechados. Wagner se referiu à polêmica, mas evitou citar os opositores da ponte de 13 km, que motiva estudos das construtoras OAS e Odebrecht.
O petista afirma que o sistema marítimo do ferryboat será insuficiente para a expansão do fluxo de veículos. E não cogita desistir da ideia. Trechos do discurso do governador sobre o projeto:
"Debate anima"
"Um novo vetor de crescimento surgirá da interligação da Via Expressa com a futura ponte Salvador-Itaparica, que expandirá para o vetor Oeste, ligando Salvador à 242, à 001 e ao Baixo Sul. E aqui me permitam um comentário. Creio que qualquer obra da magnitude de uma ferrovia, da ponte Salvador-Itaparica, ela sempre aquecerá o debate. Eu creio que não há melhor forma de aprimorar os projetos do que num debate. Nessa Casa, fora dessa Casa, em todos os ambientes daqueles que pensam a nossa terra, de urbanistas, de engenheiros, de projetistas, de ambientalistas, e portanto creio que o debate que está em curso sobre a questão da ponte a mim pessoalmente me anima."
"Densidade demográfica"
"Creio que o prefeito da capital sabe disso, que nós temos a maior densidade demográfica entre todas as capitais do País. Entamos pertos de 9.000, 9.500 habitantes por km quadrado. Todos reconhecemos que Salvador não tem mais território pro seu crescimento. Todos queremos a integração da nossa capital com a beleza que é a baía de Camamu e o Baixo Sul. O ferryboat já experimentou 30% de incremento só com a inauguração da BA-001. Quando agora fizermos a interligação de Canavieiras a Belmonte, seguramente esse meio de transporte ficará cada vez insuficiente para o fluxo que nós teremos descendo seja para negócio, seja para o turismo, descendo pelo Baixo Sul da nossa terra. São muitos os empreendimentos de hotelaria que se preparam naquela região."
"Ferry não é transporte do futuro"
"Portanto, eu creio que o pensar a ponte não é um pensar de alguém que quer uma obra que leve seu nome. Até porque uma obra como essa demandará quatro, cinco anos, entre projeto e construção. Mas eu não tenho dúvida nenhuma que da forma como está sendo preparado, com o debate que será feito com as populações de Vera Cruz, de Itaparica, de Salvador, no Baixo Sul, com essa Casa seguramente, com as Câmaras de Vereadores, com os debates nas audiências públicas, nós poderemos aprimorar e garantir que esse projeto venha ao encontro do sonho de nossa gente, que quer desfrutar uma ilha preservada, mas quer ter um acesso mais fácil para essa ilha, para esse presente que Deus nos deu. Que nós queremos interligar Salvador com o Sul e com o Baixo Sul. Portanto, isso só pode ser feito não através do sistema de ferryboat, que por mais que nós consigamos melhorá-lo, seguramente ele não é um transporte do futuro, ele não é uma garantia."
"Ainda mais, pensando como nós pensamos essa ponte, interligando ela, que passará a ser o quilômetro zero da BR-242, ou seja, trazendo todo o fluxo de Brasília e do Oeste baiano para chegar diretamente ao Porto de Salvador, numa via segregada, eu não tenho dúvida que através de um processo de concessão, com a participação do Estado, nós viabilizaremos essa ponte para a tranquilidade da gestão municipal de Salvador e para a garantia de um desenvolvimento sustentável da Ilha, do Baixo Sul e do Sul do Estado."
ADEUS, ITAPARICA
Em 22 de janeiro, João Ubaldo Ribeiro denunciou, no artigo "Adeus, Itaparica", o objetivo de grupos empresarias de transformar Itaparica em uma "patética Miami de pobre". A construtora OAS admitiu que pretende construir "condomínios fechados na parte central da ilha".
- As estatísticas são outro instrumento desses filibusteiros do progresso que em nosso meio abundam, entre concorrências públicas fajutas, superfaturamentos, jogadas imobiliárias e desvios de verbas. Mas essas estatísticas, mesmo quando fiéis aos dados coligidos, também padecem de pressupostos questionáveis. Trazem à mente o que alguém já disse sobre a estatística, definindo-a como a arte de torturar números até que eles confessem qualquer coisa - atacou Ubaldo.
O artigo motivou um movimento nacional em apoio ao romancista itaparicano e em defesa da Ilha de Itaparica e da Baía de Todos-os-Santos. Já assinaram o manifesto "Itaparica: ainda não é adeus": Luis Fernando Verissimo, Chico Buarque, Cacá Diegues, Milton Hatoum, Ricardo Cravo Albin, Emanoel Araújo, Monique Gardenberg, Sonia Coutinho, Jomard Muniz de Britto, Hélio Pólvora, Edson Nery da Fonseca, Sebastião Nery, Walter Queiroz Júnior, Jerusa Pires Ferreira, Hélio Contreiras, Aninha Franco, Fernando da Rocha Peres, Ruy Espinheira Filho, entre outros. O texto defende um debate amplo sobre o projeto, questiona a prioridade da obra e afirma que João Ubaldo não é uma voz isolada.
Em entrevista a Terra Magazine, o secretário de Infraestrutura da Bahia, João Leão (PP), definiu a divisão da arena:
- Maravilha! Só que os escritores estão de um lado e o povo está de outro... Rapaz, se a população não tem concepção de urbanismo, só quem tem são os escritores? ( leia aqui).
A dramaturga Aninha Franco rebateu, em artigo na revista Muito (jornal A Tarde), a postura do governo diante dos protestos de artistas e intelectuais:
- Conselho não se dá nem a quem pede, governador, mas no futuro, dentro da história que o senhor está tecendo, essa que vem sendo fotografada, filmada, escrita, a ponte que falta é a que liga o povo à educação, para que ele nunca mais precise de intermediários do seu querer. E pra fazer essa ponte, governador, é mais seguro ser parceiro de artistas - escreveu Aninha.
Alvo de especulação imobiliária, Itaparica sofre com o crescimento da violência e problemas de infraestrutura e transporte. Uma tragédia a mais promete agravar a degradação do paraíso que atrai empreiteiras. Desde a quarta-feira, 17, mais de 600 hectares de Mata Atlântica foram consumidos por um incêndio. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros suspeitam de ação criminosa.
Confira a cobertura completa sobre Itaparica e a ponte bilionária na Baía de Todos-os-Santos:
» "Adeus, Itaparica", por João Ubaldo Ribeiro
» Milton Hatoum: "Voracidade de empreiteiros não tem limites"
» João Ubaldo: "Bahia tem descaso horroroso com patrimônio"
» Jornalista: Para a Ilha de Itaparica, ponte é um embuste
» João Leão: Escritores estão de um lado, o povo está de outro
» Emanoel Araújo propõe tombamento da Baía de Todos-os-Santos
» Diretor da OAS, irmão de Ubaldo defende projeto da ponte
» Chico Buarque apoia João Ubaldo em debate sobre ponte
» Jaques Wagner defende megaponte Salvador-Itaparica
» Vitor Hugo Soares: Dias de fúria e folia
» Itaparica enfrenta assaltos e arrastões no verão baiano
» "Ponte de Itaparica não é prioridade", diz João Ubaldo
» João Ubaldo Ribeiro: "Eu sou Itaparica"
Rodovia contornando Baía de Todos os Santos vs Ponte Salvador-Itaparica
O que seria melhor para a Bahia? Esta é a grande pergunta que os governentes fazerem antes de gastar rios de dinheiro em um projeto do porte da ponte Salvador-Itaparica.
A Ponte Salvador-Itaparica - projeto este que vem sendo discutido pela mídia, vem ganhando status de essenial para Salvador, inclusive já se cogita separação de verba no PAC 2. Será que seria realmente a melhor solução?
Projetada para ser uma saída direta para o sul e oeste, que em vez de desenvolver vai enchar ainda mais a capital Salvador, acabando com o sistema ferry boat e afetando diretamente o turismo da região de Itaparica que vai acabar se tornando algo comum e pouco cortejado pelos turistas. O que é pior não favorecendo ao desenvolvimento da região do Recôncavo e sim tornando-a ainda mais dependente da capital.
Existem soluções como a apontada pelo arquiteto Paulo Ornindo de Azevedo que fala sobre o projeto - Rodovia entorno Baía de Todos os Santos, alternativa interessante que com certeza parece ser bem mais viável que a Ponte Salvador-Itaparica (analisar figura abaixo).
A alternativa proposta pelo arquiteto é bem interessante, busca envolver uma região que é pouco explorada economicamente, carente de investimentos, que revela grandes espaços ainda inóspitos. Ao mesmo tempo que se revela um real ponto de desbloqueio para a travada região metropolitana de Salvador que hoje só se desenvolve em direção a região Norte, indo ao encontro do estado de Sergipe. O efeito multiplicador desta rodovia vai fazer um bem maior para cidade de Salvador e para o estado da Bahia. Esta rodovia envolvendo a Baía de Todos os Santos será uma nova válvula de escape para Salvador, podendo assim interligar as regiões industriais e pólos modais da Bahia que contemplam portos, rodovias e preterida ferrovia.
A rodovia pretende envolver a Baía de Todos os Santos da seguinte forma:
> Iniciaria no COPEC, iria até o CIA e o complexo portuário/naval de Aratu
> Depois seguiria pela orla da baía ligando o complexo portuário/naval à RELAN (Refinaria Landulfo Alves), à Usina de Biodiesel, ao Temadre e cruzando o Paraguaçu ao Estaleiro de São Roque
> Da ponte a via seguiria para Salinas da Margarida, das mariculturas, e dali até a Ponta do Dendê, aonde, através da Ponte do Canal, chegaria à contracosta de Itaparica
> Outro ramo seguiria até o Funil
Esta nova via terá 2 grandes objetivos:
> Integrar complexos industriais-portuários
> Prover novo pólo de lazer, dando vida a pontos turísticos, como a Baía de Aratu, Museu Freguesia, São Francisco do Conde, e praias de Itapema, Saubara, Cabuçu, Bom Jesus, Monte Cristo, Barra do Paraguaçu, Salinas da Margarida, Encarnação, Mutá e Cações.
A partir dessa estrada se pode chegar, de barco, às ilhas de Maré, dos Frades, Cajaíba, Bom Jesus, Bimbarra, das Fontes, Monte Cristo e aos piscosos espelhos d’água do Iguape e Canal de Itaparica. Por meio de estradas vicinais se pode visitar cidades como Madre de Deus, Santo Amaro, Maragogipe, São Félix e Cachoeira, as vilas de Nagé e Coqueiros, as ruínas de São Francisco do Paraguaçu e Santiago do Iguape. Este é um enorme potencial turístico e cultural inexplorado.
Através da armação de barcos, da pesca, do artesanato, da horti-fruticultura e da culinária, revitalizados pelo turismo, estaríamos desenvolvendo o Recôncavo.
A estrada proposta está em grande parte feita, dependendo apenas de conexões e benfeitorias. As obras d’arte são poucas. Uma ponte sobre o Subaé (650 m), outra na foz do Paraguaçu (1.800 m) e a Ponte do Canal (3.900 m) entre a Ponta do Dendê e a contracosta de Itaparica. Esta ponte, que tem menos de um terço do comprimento da Salvador-Itaparica, não mergulhará 42 m, não terá vãos de 560 e 285 m e altura de 90 m.
Hoje para se chegar à Fonte da Bica de carro rodamos 290 km e gastamos 3 horas e 15 minutos. Com o novo traçado ficará reduzida para 110 km e 1 hora e 15 minutos, a mesma distância e tempo para ir a Sauípe, em uma estrada muito mais interessante. Se considerarmos que os ferryboats saem a cada 50 minutos e levam 40 minutos na travessia, o tempo é 17% menor, fora a espera na fila.
Esta nova via destina-se a integrar indústrias e portos metropolitanos, desenvolver o Recôncavo e o turismo, evitar uma avalanche de carros em Salvador e viabilizar o sistema de ferryboats e lanchas regulando a flutuação da demanda responsável por uma frota sucateada, que não atende ao pique do verão e opera deficitária e ociosamente o restante do ano. O ferry poderá ser o fecho de um belo circuito em volta da baía.
Reportagem de Só Logística (Victor Correia) baseado no Texto - ENVOLVENTE DA BAÍA VERSUS PONTE de Paulo Ormindo de Azevedo
ENVOLVENTE DA BAÍA VERSUS PONTE
By jarycardosoA alternativa visa criar uma opção de acesso à Ilha de Itaparica, desenvolvendo o Recôncavo e evitando impactos sobre Salvador
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texto de PAULO ORMINDO DE AZEVEDO*
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Disse em meu último artigo que existiam alternativas mais interessantes e baratas que a Ponte Salvador-Itaparica. Ao contrário do que se diz, aquela ponte não revitalizará o Recôncavo. Concebida como uma saída direta para o sul e oeste, ela o marginalizará. A alternativa aqui apresentada visa criar uma opção de acesso à ilha, desenvolvendo o Recôncavo e evitando impactos sobre Salvador.
Ela seria uma via envolvente da Baía de Todos os Santos que, partindo do COPEC, iria até o CIA e o complexo portuário/naval de Aratu, dali seguindo pela orla da baía ligando este complexo à RELAN, à Usina de Biodiesel, ao Temadre e cruzando o Paraguaçu ao Estaleiro de São Roque. Da ponte a via seguiria para Salinas da Margarida, das mariculturas, e dali até a Ponta do Dendê, aonde, através da Ponte do Canal, chegaria à contracosta de Itaparica. Outro ramo seguiria até o Funil. Uma ponte em São Roque com outras ligações e função já foi cogitada por outrem.
Além da integração de complexos industriais-portuários, esta envolvente seria também uma via de lazer, dando vida a pontos turísticos, como a Baía de Aratu, Museu Freguesia, São Francisco do Conde, e praias de Itapema, Saubara, Cabuçu, Bom Jesus, Monte Cristo, Barra do Paraguaçu, Salinas da Margarida, Encarnação, Mutá e Cações.
A partir dessa estrada se pode chegar, de barco, às ilhas de Maré, dos Frades, Cajaíba, Bom Jesus, Bimbarra, das Fontes, Monte Cristo e aos piscosos espelhos d’água do Iguape e Canal de Itaparica. Por meio de estradas vicinais se pode visitar cidades como Madre de Deus, Santo Amaro, Maragogipe, São Félix e Cachoeira, as vilas de Nagé e Coqueiros, as ruínas de São Francisco do Paraguaçu e Santiago do Iguape. Este é um enorme potencial turístico e cultural inexplorado, que será mais uma vez esquecido e abandonado com a via expressa Salvador/BR-101.
Através da armação de barcos, da pesca, do artesanato, da horti-fruticultura e da culinária, revitalizados pelo turismo, estaríamos desenvolvendo o Recôncavo. Em contraposição, a ponte Salvador–Itaparica e os 66 km de via expressa anunciados não têm em sua margem nenhuma atividade produtiva, de serviços ou cultural.
A estrada proposta está em grande parte feita, dependendo apenas de conexões e benfeitorias. As obras d’arte são poucas. Uma ponte sobre o Subaé (650 m), outra na foz do Paraguaçu (1.800 m) e a Ponte do Canal (3.900 m) entre a Ponta do Dendê e a contracosta de Itaparica. Esta ponte, que tem menos de um terço do comprimento da Salvador-Itaparica, não mergulhará 42 m, não terá vãos de 560 e 285 m e altura de 90 m. Será como a atual do Funil, mas menor que sua sucessora duplicada (5.300 m).
Hoje para se chegar à Fonte da Bica de carro rodamos 290 km e gastamos 3 horas e15 minutos. Com o novo traçado ficará reduzida para 110 km e 1 hora e 15 minutos, a mesma distância e tempo para ir a Sauípe, em uma estrada muito mais interessante. Se considerarmos que os ferryboats saem a cada 50 minutos e levam 40 minutos na travessia, o tempo é 17% menor, fora a espera na fila.
Esta nova via não se destina a expandir a Região Metropolitana de Salvador, onde estão as indústrias e muita terra firme por ocupar, nem escoar a soja do oeste, ou desativar o ferryboat. Destina-se a integrar indústrias e portos metropolitanos, desenvolver o Recôncavo e o turismo, evitar uma avalanche de carros em Salvador e viabilizar o sistema de ferryboats e lanchas regulando a flutuação da demanda responsável por uma frota sucateada, que não atende ao pique do verão e opera deficitária e ociosamente o restante do ano. O ferry poderá ser o fecho de um belo circuito em volta da baía.
A Ponte Rio-Niterói não tirou as barcas da Praça XV, pois seus usuários descobriram que era mais prático chegar ao centro do Rio ou de Niterói de barca do que pagar pedágio, enfrentar um engarrafamento de pelo menos uma hora e meia e não ter onde estacionar. Alternativas existem. Cabe ao governo, ouvida a sociedade, escolher aquela que melhor atenda aos interesses, não só dos usuários do mal gerido ferryboat, como das populações de Salvador e do Recôncavo, que serão beneficiadas ou afetadas com essas obras.
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*Paulo Ormindo de Azevedo – Arquiteto, professor titular da Universidade Federal da Bahia, diretor do Instituto dos Arquitetos do Brasil/Depto. Bahia (IAB-BA)
sou a favor da construçao da ponte,fica essse tal de joao de tal,escritor frustado ,escritor de suburbio,contra o progresso,so nasceu e sai de itaparica agora tirando de poreta,pensamentos como o dele e a familia ,que a ilha chegou ao atraso total,se seguirmos o pensamento deles fica pior,a ponte ja esta atrasada,viva o progresso
ResponderExcluirexcelente proposta, cabe analise e definição seria do governo. sou itaparicano, não sou contr o progresso, mas, apelo pro bom senso. itaparica precisa de bons olhos e boa vontade. vamios todos nos esmeramos para buscar o melhor para nossa terra diminiundo os impactos ambientais e degradação social, valeu DR. Ormindo.
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