12 de janeiro de 2014

FLORA -Ameaça atualizada

Ameaça atualizada


Lançado o Livro Vermelho da Flora do Brasil, publicação que atualiza a lista de espécies vegetais ameaçadas de extinção em nosso país.
Ameaça atualizada
Orquídeas e bromélias figuram entre as espécies vegetais mais ameaçadas no Brasil. (foto: José Manuel López Pinto/ Wikimedia Commons) 
 
Demorou mas saiu. Após alguma expectativa, foi finalmente lançado o Livro Vermelho da Flora do Brasil – publicação capitaneada pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O livro traz as informações científicas mais atualizadas sobre as espécies ameaçadas que compõem a flora brasileira. É uma referência indispensável para que gestores façam a lição de casa e proponham estratégias de conservação cientificamente embasadas. Quem assina a obra são os botânicos Gustavo Martinelli e Miguel d'Ávila de Moraes.

Livro Vermelho da Flora do BrasilNovidade: o material foi elaborado a partir de uma metodologia internacional baseada nos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
“A partir desse levantamento, será possível avançar para uma avaliação integral do risco de extinção de todas as espécies da flora brasileira”, afirma Moraes. “Sabendo quais são as espécies com maior risco de extinção e conhecendo as principais ameaças incidentes, fica mais fácil agir para reverter o quadro.”
De um total de 4.617 espécies avaliadas, 2.118 (45,9% delas) foram classificadas como ameaçadas. “Cerca de 500 foram incluídas na categoria ‘criticamente em perigo’; portanto, correm risco extremamente alto de extinção na natureza”, alerta Moraes.

O grupo das pteridófitas (samambaias, avencas e xaxins, por exemplo) é o mais ameaçado. Mas também estão na lista das espécies consideradas ‘criticamente em perigo’ plantas das famílias Bromeliaceae (bromélias), Orchidaceae (orquídeas) e Asteraceae (como margaridas e girassóis).
Os biomas mais ameaçados são mata atlântica e cerrado, seguidos por caatinga e pampa. A floresta amazônica vem em quinto lugar – provavelmente pela vasta rede de áreas protegidas (38% de seu território).

Os biomas mais ameaçados são mata atlântica e cerrado, seguidos por caatinga e pampa. A floresta amazônica vem em quinto lugar
 
“O elevado número de espécies ameaçadas na mata atlântica está relacionado à perda de mais de 80% da cobertura original do bioma”, comenta o especialista.

Já no cerrado, a vegetação original vem sendo destruída para dar lugar à agropecuária. Na Amazônia também. Lá, grandes projetos de construção de hidrelétricas agravam o quadro e colocam em risco espécies animais, vegetais e até comunidades tradicionais.

A publicação do livro foi apenas a primeira etapa de um trabalho audacioso que deve se estender até 2020. Até lá, a equipe espera ter um levantamento completo sobre a avaliação de risco de cada uma das espécies vegetais que ocorrem em nosso território. Atualmente, são mais de 44 mil já conhecidas, número que corresponde a 14% das espécies da flora do planeta.

A lista atualizada encontra-se disponível no portal do CNCFlora. Pela internet, o público pode oferecer contribuições, esclarecer dúvidas e também enviar denúncias.

Henrique Kugler
Ciência Hoje On-line
Lucas Conrado
Especial para CH On-line

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores