Cbers-3 não teria sido posicionado na órbita prevista e retornou à Terra.
Engenheiros chineses avaliam as causas do problema e ponto de queda.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) confirmou na manhã desta segunda-feira (9) o fracasso no lançamento do satélite Cbers-3, ocorrido nesta madrugada. De acordo com o Inpe, o satélite não foi posicionado na órbita prevista devido a uma falha de funcionamento do veículo lançador durante o voo. Engenheiros chineses responsáveis pela construção do veículo estão avaliando as causas do problema e o possível ponto de queda.
O satélite Cbers-3, lançado na madrugada desta segunda-feira (9) da base chinesa de Taiyuan, a 760 km de Pequim, custou R$ 160 milhões ao governo brasileiro.
O foguete Longa Marcha 4B decolou normalmente e todos os estágios para liberação do equipamento na órbita tinham funcionado, incluindo o mais crítico, que é a abertura dos painéis solares – essencial para manter a bateria do Cbers-3 carregada. Pela manhã, o coordenador de aplicações do Programa Cbers do Inpe, José Carlos Neves Epiphanio, já admitia que as chances de sucesso na operação eram mínimas, pois o instituto não havia conseguido estabelecer contato com o satélite.
De acordo com nota do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi convocada uma reunião extraordinária do comitê conjunto de coordenação do programa CBERS, para esta terça-feira, (10) na China, da qual participarão representantes de todas as partes envolvidas no projeto. Na reunião serão debatidas as causas da falha no lançamento e os próximos passos do programa.
O lançamento aconteceu três anos após a data prevista inicialmente pelo Inpe, que desenvolveu o projeto em parceria com a Cast.
O Cbers-3 foi projetado com quatro câmeras, de diferentes resoluções e capacidade de captação, responsáveis por coletar imagens com maior qualidade de atividades agrícolas e contribuir com o monitoramento da Amazônia, auxiliando no combate de possíveis desmatamentos ilegais e queimadas – foco de projetos ligados também ao Ministério do Meio Ambiente, como o Prodes e o Deter.
Dificuldades para criar novas tecnologias espaciais, consideradas complexas, atrasaram o programa, segundo o diretor do Inpe, Leonel Perondi, que está no país asiático e acompanhou o envio do satélite ao espaço.
O objetivo do Cbers-3 seria preencher um vácuo deixado pelo Cbers-2B, que encerrou suas atividades em 2010. Desde então, o programa sino-brasileiro ficou sem equipamentos para fornecer imagens aos países parceiros. Também foram lançados o Cbers-1 e Cbers-2, que já não funcionam.
O Brasil tem 50% de participação no novo equipamento. Antes, a participação no desenvolvimento de satélites com a China era de 30%.
http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/12/inpe-confirma-fracasso-no-lancamento-de-satelite-na-china.html
Brasil terá blecaute em imagens de satélite sobre Amazônia
Exclusivo DefesaNet
ANÁLISE
Júlio Ottoboni
O Brasil passará a ter um agravamento no blecaute em imagens de satélite para o monitoramente remoto da Amazônia,
o que piora em muito o acompanhamento do desmatamento. Às 11h26, hora
de Beijing (1h26, hora de Brasília), desta segunda-feira 9/12, uma facha
no lançamento do satélite de sensoriamento remoto sino-brasileiro
CBERS-3, desenvolvido conjuntamente por Brasil e China, colocou um fim
aos planos de se retomar a produção de imagens nacionais sobre o
território brasileiro, que já está paralisada há 5 anos.
Com isso, o Brasil terá que recontratar
serviços de satélites norte-americanos e europeus de sensoriamento
remoto, que não conseguem cobrir toda a extensão do país e nem com os
ângulos necessários para as avaliações dos técnicos do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que fazem o monitoramento do
avanço dos desmatamento em todo o território brasileiro. O satélite
lançado foi feito pelo veículo chinês Longa Marcha 4B, do Centro de
Lançamentos de Satélites de Taiyuan, China. Porém, houve uma falha de
funcionamento do veículo lançador durante o voo. O problema decorreu,
provavelmente, no último estágio de ejeção do aparelho, e o satélite não
foi posicionado na órbita prevista. Avaliações preliminares dão conta
que o CBERS-3 retornou ao planeta. O local mais provável do impacto é o
polo norte.
Engenheiros chineses responsáveis pela
construção do veículo lançador estão avaliando as causas do problema e o
possível ponto de queda. Os dados obtidos mostram que os subsistemas do
CBERS-3 funcionaram normalmente durante o trajeto para sua colocação em
órbita. O satélite já estava com o cronograma em atraso há 3 anos, por
falta de recursos, desviados para a viagem ao espaço do astronauta
Marcos Pontes, agravada pela falta de aquisição de peças dificultadas
pelos Estados Unidos.
Para assegurar o cumprimento dos
objetivos do programa CBERS, Brasil e China concordaram em iniciar
imediatamente discussões técnicas visando a antecipação da montagem e
lançamento do CBERS-4. O CBERS-3 não tinha um backup, ou seja, um
equipamento reserva que sempre é utilizado nestes casos, inclusive para
testes e emergências como a recolocação de satélites com falhas ou
lançamentos mal sucedidos. Boa parte dos equipamentos que eram para
estar em estoque e mesmo montados foram cortados por falta de cotação
orçamentária.
A Agência Espacial Brasileira e a
Academia Chinesa de Tecnologia Espaciais convocaram uma reunião
extraordinária do comitê conjunto de coordenação do programa CBERS (JPC,
em inglês), para esta terça-feira, 10 de dezembro, na China, da qual
participam representantes de todas as partes envolvidas no projeto.
Estão convocados em caráter de urgência o ministro de Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, o presidente da
Agência Espacial Brasileira (AEB) José Raymundo Coelho, o diretor do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi, e
chineses responsáveis pelo desenvolvimento da parte chinesa do satélite,
pelo lançador e pelas operações de lançamento. Nesta reunião, serão
discutidas as causas da falha no lançamento e os próximos passos do
programa.
O programa Satélite Sino-Brasileiro de
Recursos Terrestres (CBERS, na sigla em inglês) gera imagens da
superfície do território brasileiro para aplicações diversas, tais como
zoneamento agrícola, monitoramento de desastres naturais e
acompanhamento de alterações da cobertura vegetal, com grande aplicação
na região amazônica.
O CBERS-3 seria o quarto satélite do
programa a entrar em órbita. Os três satélites anteriores operaram
adequadamente e cumpriram suas missões. Entretanto todos já estavam fora
de operação. O último deles o CBERS-2B deixou de funcionar em janeiro
de 2009. Brasil e China alcançaram resultados tem cooperação na área
espacial desde 1988, o primeiro acordo foi feito dentro do governo de
José Sarney numa polêmica viagem à China realizada em 1986.
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