Apelidada de Cocô Beach, areia da praia do Costa Azul é repleta de lixo
Em dias de chuvas mais intensas, são retiradas até 20 toneladas de material das areias das praias de Salvador
Gil Santos
gil.santos@redebahia.com.br
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Garrafas pet, vidro, plástico, pneus e até camisinha
usada... O que poderia ser o cenário de um aterro sanitário foi
percebido na praia do Costa Azul, ao lado do Jardim de Alah, na manhã de
ontem. Segundo os garis que trabalhavam no local, apelidado de Cocô
Beach, até mesmo animais mortos foram encontrados na areia da praia.
“Dois porcos, uma galinha e um cachorro. Cheguei
aqui às 7h e já vi muita coisa inacreditável”, contou o gari Antônio
Meireles, 60 anos. Segundo o diretor de operações da Limpurb, Ronaldo
Ferreira, o lixo encontrado nas praias são os mesmos descartados de
forma irregular pela população nas ruas e bairros de Salvador.
Garis recolheram oito toneladas de lixo das praias do Costa Azul e Rio Vermelho, na tarde de ontem.
“O lixo jogado nas ruas e nas encostas é arrastado
pelas enxurradas nos dias de chuva, desembocando nos rios e no mar. É
preciso que a população tenha mais cuidado no momento de descartar o
lixo para evitar esse tipo de situação”, explicou. Ele contou que em
dias de chuvas mais intensas são recolhidas até 20 toneladas de lixo nas
praias da cidade.
“Já sabemos que toda vez que chove acontece isso,
tanto é que mantemos uma equipe de prontidão para atender a esse tipo de
situação”, afirmou Ferreira. Ontem, 20 funcionários da Limpurb
trabalhavam nas praias do Costa Azul e do Rio Vermelho, onde, no total,
oito toneladas de lixo foram recolhidas das areias. “Se não ocorre a
operação, o lixo vai todo parar no mar”, ressalta a presidente da
Limpurb, Kátia Alves.
Ela acredita que a solução para o problema está na
conscientização da população. “A solução é a educação. As pessoas
precisam aprender a parar de jogar lixo na rua e serem mais
conscientes”, afirmou a estudante de direito, Nara Dourado, 19 anos.
Além de poluir as praias, o lixo descartado de forma irregular é um
perigo também para a vida animal. A poucos metros do mar e com as ondas
fortes provocadas pela ressaca, esse material logo seria arrastado para o
oceano.
O biólogo Clarêncio Baracho diz que o lixo é um
problema global e interfere tanto na paisagem quanto na vida marinha.
“Temos conhecimento de muitos casos de golfinhos, tartarugas e aves que
acabam morrendo após ingerir esse material”, ressalta. Além disso,
Baracho chama a atenção que o lixo na praia pode atrair outros animais
vetores de doenças, como ratos, afetando também os humanos.
O surfista Bruno Balbi, 25 anos, contou que já teve
problemas de pele por conta da poluição do mar. “A sujeira é comum nas
praias de Salvador, principalmente quando chove. Aqui, no Costa Azul, a
situação não é diferente”, disse. Para o biólogo do projeto Tamar,
Alexsandro Santos, os plásticos representam um grande problema para a
fauna marinha.
“O risco maior é da tartaruga comer o plástico,
confundindo com comida. O mesmo pode ocorrer com os mamíferos marinhos,
podendo entrar no sistema respiratório deles e causar asfixia”, pontua.
Além disso, ele ressalta que os próprios banhistas
podem ser prejudicados: “Uma pessoa pode estar tomando banho e se
deparar com o vidro no fundo do mar, causando um acidente”. Segundo
informou a Limpurb, a limpeza das praias de Salvador é feita todos os
dias.
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