3 de outubro de 2012

Aquecimento global pode diminuir tamanho dos peixes, diz estudo

VEJA
Ciência
30 de Setembro de 2012
Vida marinha

Aquecimento global pode diminuir tamanho dos peixes, diz estudo

Aumento da temperatura causaria a diminuição da quantidade de oxigênio disponível para os peixes, que passariam a crescer menos

O peso dos peixes pode diminuir de 14% a 24% entre 2001 e 2050, o equivalente à perda de 10 a 18Kg em um homem de 77kg O peso dos peixes pode diminuir de 14% a 24% entre 2001 e 2050, o equivalente à perda de 10 a 18Kg em um homem de 77kg (Alexander Klein/AFP)

O aquecimento global não está modificando apenas a temperatura e a quantidade de oxigênio dos oceanos, mas também pode afetar consideravelmente o tamanho dos peixes, alertou um estudo publicado na edição desta semana da Nature Climate Change. De acordo com os autores, o peso máximo médio dos peixes analisados, considerando projeções de aumento de temperatura nos mares para as próximas décadas, pode diminuir de 14% a 24% entre 2000 e 2050.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original:
Shrinking of fishes exacerbates impacts of global ocean changes on marine ecosystems

Onde foi divulgada:
revista Nature Climate Change

Quem fez:
 William W. L. Cheung, Jorge L. Sarmiento, John Dunne, Thomas L. Frölicher, Vicky W. Y. Lam, M. L. Deng Palomares, Reg Watson e Daniel Pauly

Instituição: 
Universidade de Columbia Britânica, Canadá

Dados de amostragem:
 modelos do impacto do aquecimento global em mais de 600 espécies de peixes

Resultado:
 Um oceano mais quente e com menos oxigênio fará com que os grandes peixes deixem de crescer.
Um dos elementos chave do tamanho dos peixes e invertebrados marinhos é sua necessidade energética: quando seu entorno já não é capaz de proporcionar esta energia para satisfazer suas necessidades, os peixes param de crescer - e a quantidade de oxigênio na água é para os peixes uma fonte de energia.
"Obter oxigênio suficiente para crescer é um desafio constante para os peixes e, quanto maior o peixe, pior", disse Daniel Pauly, biólogo do Centro de Pesca da Universidade da Columbia Britânica em Vancouver, no Canadá. "Um oceano mais quente e com menos oxigênio, como se prevê com o aquecimento global, será mais complicado para os peixes grandes, o que significa que logo deixarão de crescer", acrescentou.
Pauly e seus colegas buscaram criar modelos do impacto do aquecimento global em mais de 600 espécies de peixes a partir de dois cenários climáticos comumente aceitos pelos especialistas para o período 2000-2050. Um dos modelos usados pelos cientistas, por exemplo, calcula um aumento global na temperatura atmosférica de 3,4ºC em 2100, comparado a 2000.

Em tal cenário, no fundo dos oceanos Pacífico, Atlântico, Índico e Antártico e Ártico, a temperatura pode aumentar 0,029; 0,012; 0,017; 0,038 e 0,037ºC, respectivamente, por década, até 2050. Isso significa uma redução do oxigênio presente nos oceanos. "Embora as alterações de temperatura e de oxigênio pareçam pequenas, suas consequências para o tamanho dos peixes é surpreendentemente grande", alerta o estudo. 
O Oceano Índico será o mais afetado (24% na redução do peso máximo médio dos peixes e invertebrados marinhos), seguido do Atlântico (20%) e do Pacífico (14%). "Este estudo indica que, se as emissões de gases do efeito estufa não forem reduzidas, as consequências serão maiores que o previsto nos ecossistemas marinhos", alertaram os pesquisadores. "Outros impactos das atividades humanas, como a pesca excessiva e a contaminação, podem agravar o problema", acrescentaram.
(Com Agência France Presse)

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