Scientific American publica artigo sobre pesquisa com mandioca
O jornal ''Scientific American'' publicou neste mês de maio artigo de autoria de Nagib Nassar, professor da Universidade de Brasília, e Rodomiro Ortriz, diretor de Centro Internacional - CIMMYT, México
No artigo os autores recapitularam o programa de pesquisa conduzido na Universidade de Brasília durante os últimos 35 anos, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq/MCT e da Fundação Capes.
Foram cinco etapas que começaram pela coleta e implantação da coleção viva de espécies silvestres da mandioca, que foram sistematicamente avaliadas para caráter econômico e hibridação com o cultivo.
Em seguida, veio a transferência dos caráteres pela hibridação interespecífica que deu origem ao primeiro híbrido de mandioca rica em proteína e de boa qualidade de ácido amínicos essenciais.O aspecto mais fascinante da hibridação interespecífica relatado pelo artigo e comentado pelo Scientific American, foi o papel dos referidos híbridos no combate à doença virulenta do mosaico africano, que invadiu o oeste da África na década 1970.
Os híbridos desenvolvidos pela Universidade de Brasília e manipulados pelo Centro internacional IITA geraram uma família de cultivares resistentes ao Mosaico, sendo adotados pelos agricultores em todo o oeste da África, cobrindo uma área de mais de 4 milhões de hectares e salvando, assim, de extinção, a cultura na região.
A terceira etapa ocorreu na década 1990 e teve como objetivo o manejo do sistema reprodutivo da cultura pela produção de sementes com embriões vegetativos. Este tipo de sementes pode substituir estacas em propagação da cultura quando for necessário. Propagar a cultura por estacas torna a mandioca vulnerável ao acúmulo de bactéria e vírus, até o momento em que fica sobrecarregada pelos germes e produz muito pouco de raízes.
Paralela a esta linha, foi o progresso na produção de híbridos tolerante à seca, a partir da manipulação de uma das espécies arbórea nativa de estados do Ceará e de Pernambuco.
A quarta etapa aconteceu no início da primeira década de 2000, e constava da exploração dos cultivares indígenas e das espécies silvestres como fonte de vitaminas e micro nutrientes normalmente carentes na mandioca comum. Nessa época, junto com essa pesquisa houve a linha de aproveitamento de enxertia das espécies silvestres e seus híbridos interespecíficos com a mandioca para ativar formação de raízes comestíveis. Como resultado, o aumento no tamanho das raízes foi de até 7 vezes a do seu normal.
A técnica foi levada pela equipe da universidade de Brasília aos pequenos agricultores e assentados do Distrito Federal, sendo-lhes distribuídas estacas e mudas dos cultivares, além de híbridos melhorados. Atualmente, o programa enfoca o desenvolvimento de técnica para produzir queimera do enxerto e porta enxerto. Isto pode perpetuar aumento de raízes alcançado pela enxertia.
A versão português do Scientific American publica, no mês que vem, o artigo na íntegra, com 9 páginas e 3 desenhos demonstrativos. As versões do artigo, em 18 línguas, entre os quais árabe, chinês, francês, alemão, grego, hebreu, italiano, japonês, coreano, romano, russo, espanhol, checo e holandês serão publicados no mês de junho em cada um desses países.
A íntegra do trabalho só está acessível no site da "Scientific American" para assinantes da revista, mas uma prévia do artigo pode ser lida em http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=breeding-cassava
Dados mais detalhados sobre a linha de pesquisas mencionadas podem também ser encontrados no jornal eletrônico de livre acesso www.geneconserve.pro.br.
ou http://www.geneconserve.pro.br/reportagens.html
Assessoria de Comunicação do CNPq
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