12 de junho de 2013

Ataque de lagartas em áreas de produção da BA mobiliza especialistas 
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Foto Embrapa
Ataque de lagartas em áreas de produção da BA mobiliza especialistas

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) formou nos últimos dias um grupo emergencial de trabalho, formado por pesquisadores das áreas de entomologia e taxonomia, para avaliar a ocorrência de lagartas, especialmente da espécie Helicoverpa zea, nas culturas da soja, milho e algodão no Oeste baiano.
Participam especialistas da Embrapa Cerrados, Algodão, Soja, Milho e Sorgo e Arroz e Feijão, tanto da área de pesquisa, quanto de Transferência de Tecnologia. “A ocorrência impactante dessa lagarta nesta região não pode ser encarada como consequência de uma causa isolada”, afirma a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Silvana Moraes.

De acordo com os especialistas que fazem parte desse grupo, relatos colhidos na região na última semana demonstram que os produtores estão adotando práticas que, em menor ou maior grau, acabam favorecendo a ocorrência da praga. O grupo esteve na quinta-feira (21) nas regiões de Correntina e Roda Velha (BA) realizando visitas técnicas aos grupos J&H Sementes e Horita. O objetivo foi ouvir dos empresários qual está sendo o impacto dessas pragas especialmente nas culturas de soja e algodão. Os custos totais para controle da lagarta na região já chegam a quase 500 milhões de reais, de acordo com dados fornecidos pela consultoria agronômica Kasuya.

“O nosso sistema agrícola precisa ser discutido e remodelado. A solução deste problema está em nossas mãos. Só depende de nossas atitudes, especialmente depois desse evento”, afirmou o produtor rural Celito Missio, durante o Fórum Regional sobre Helicoverpa. O evento, realizado na sexta-feira (22), em Luís Eduardo Magalhães (BA), contou com a participação do grupo de pesquisadores da Embrapa e reuniu mais de mil pessoas, entre produtores, especialistas, estudiosos, consultores e estudantes. Essa participação em peso reflete como essa praga tem prejudicado a produção de grãos em diversas lavouras. As culturas mais afetadas na região são soja, milho, algodão, além do feijão, sorgo e milheto.

Durante o Fóum, o entomologista Paulo Degrande, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), apresentou uma proposta de plano de manejo regional da praga envolvendo vários aspectos do manejo integrado de pragas. “Esse plano precisa ser cooperativo, coletivo e de ampla adesão”, enfatizou Degrande. Foram propostas diversas medidas, dentre elas destaque para o estabelecimento do vazio sanitário na região no período de 20 de agosto a 20 de outubro, calendário de plantio para culturas como milho, soja e algodão e adoção de 20% de áreas de refúgio.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Algodão, José Ednilson Miranda, escolhido entre os pesquisadores para falar no evento em nome da Embrapa, o momento é desafiador e deverá contar com o comprometimento total de todos os envolvidos. “Estamos aqui para colaborar. As medidas de ação propostas estão em sintonia com a filosofia da Embrapa e tenho certeza que serão assimiladas pelos produtores”, destacou.

Produtor de soja e milho, Roberto Pelizzaro concorda ser preocupante a situação dessa praga na região. As medidas adotadas por ele, no entanto, são preventivas, já que em sua lavoura não há ocorrência da lagarta. “Estou usando doses mais altas de inseticidas, mais por medo do que por necessidade”, contou. A propriedade dele também foi visitada pelo grupo de especialistas da Embrapa como um exemplo de boas práticas agrícolas. Uma das características dela são as faixas de Cerrado preservadas entre as quadras de plantio. “Assim, estou conservando a população de inimigos naturais das pragas. Fica um sistema mais equilibrado. A natureza é perfeita e se adapta todos os dias. A gente tem que ficar de olho nela para sofrer menos”, ensinou.

Ações de pesquisa - segundo os pesquisadores que participam do grupo de trabalho, é consenso de que há realmente a necessidade de que sejam implementadas ações de pesquisa que contemplem o controle de pragas dentro dos princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP) com uma abordagem não só em uma única cultura ou propriedade, mas de caráter regional.
“Essa abordagem de manejo de pragas envolve a avaliação do agroecossistema, tomada de decisão e escolha de medidas de controle”, destacou a pesquisadora Silvana Moraes. Segundo ela, a Embrapa tem muito a contribuir, especialmente com ações de pesquisa que possam antever aspectos do manejo de pragas no contexto de plantas transgênicas Bt que vão além da ocorrência do gênero Helicoverpa.

Juliana Caldas (4861/DF)
Embrapa Cerrados
juliana.caldas@embrapa.br
(61) 3388 9945

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