14 de janeiro de 2010

Estado fecha cinco colégios em Salvador

CIDADES


Juracy dos Anjos, do A TARDE

A escola do Divino Mestre serve a comunidade do Barbalho, Pelourinho e Santo Antônio

Cinco colégios na capital fecharam as portas por determinação da Secretaria Estadual da Educação (SEC). São elas: Divino Mestre e Marquês de Abrantes (Santo Antônio Além do Carmo), Marco Antônio Veronese (Cabula), o prédio para ensino fundamental do Luís Viana, conhecido como “Vianinha” (Brotas) e a escola de educação especial Erwin Morgenroth (Ondina).

Há, ainda, a fusão do Núcleo Góes Calmon (Barris) com o Colégio Magalhães Neto (Ladeira de S. Bento), que estava com o prédio em péssimas condições. Para o órgão, as unidades estão com infraestrutura precária e quadro de alunos esvaziado.

A notícia de fechamento das unidades pegou os pais dos estudantes de surpresa, quando tentavam renovar as matrículas dos filhos. “Cheguei e fui informada de que o colégio fechou. Como pode? Isso é um absurdo”, bradava Flávia Almeida, mãe do estudante da 5ª série Matheus Melo na Divino Mestre.

Maria Madalena Pimentel, mãe da estudante Maiara Pimentel, afirmou que escolheu o colégio pela qualidade do ensino – a Divino Mestre teve o terceiro melhor resultado entre as escolas públicas estaduais da capital baiana no Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) do Ministério da Educação, atingindo média de 3.1.

Funcionários da Divino Mestre, que têm apoio da comunidade para permanecer com as atividades, informaram que a SEC fez apenas uma comunicação verbal sobre o fechamento da escola à direção, e que os pais não foram avisados. A secretaria admite que pode ter ocorrido problema na comunicação.

“Não entendemos por que fechar a unidade, uma vez que os argumentos dados pela secretaria não se aplicam à Divino Mestre. Nos últimos três anos, aumentamos significativamente o número de estudantes. Além disso, temos infraestrutura adequada, sim: possuímos computadores com tela de LCD conectados à internet, sala de vídeo, auditório e duas quadras – uma foi reformada no final de 2009”, relevou uma funcionária do colégio, que preferiu manter a identidade em sigilo.

Ela contou, ainda, que o único problema da escola era uma marquise, que desabou em março de 2009. “Mas, o Estado preferiu desativar uma escola que formou gerações, ao invés de reformá-la”, indignou-se ela, acrescentando que o Ministério da Educação, no ano passado, fez um repasse para o colégio no valor de R$ 80 mil e que só teriam sido gastos.

R$ 40 mil. “Poderíamos ter reformado a marquise com o dinheiro, mas a secretaria disse que faria o serviço, o que nunca aconteceu”, reclamou a funcionária.

José Carlos Sodré, da Superintendência de Organização e Atendimento da Rede Escolar da SEC, esclareceu que, no caso do Divino Mestre existe um agravante para o fechamento: “O prédio é alugado”. Segundo funcionários do colégio, o aluguel mensal está em R$ 4 mil.

“Não podemos ter esse gasto extra, quando temos dois colégios próximos ao Divino Mestre, com ocupação menor do que a capacidade. A escola Suzana Imbassaí, no Barbalho, comporta até 315 por turno e tem 511 nos dois períodos. O mesmo acontece com a escola Getúlio Vargas. Fora isso, tínhamos custos desnecessários com funcionários”, justificou Sodré.

A SEC informou que os cerca de 890 estudantes que estavam matriculados no Divino Mestre terão vagas garantidas nas escolas Getúlio Vargas e Suzana Imbassaí, ambas no Barbalho.

Transferência - Alunos do Colégio Estadual Marquês de Abrantes, outro que foi fechado por não apresentar as condições necessárias, também serão transferidos para essas escolas.

As dependências do prédio no Luís Viana, que tem capacidade para atender 2.625 estudantes, mas tinha matriculados somente 1.384, serão ocupadas pelo Colégio Manoel Vitorino. Já os estudantes do ensino de jovens e adultos do Colégio Marco Antônio Veronese, que funcionava na Universidade Estadual da Bahia, no Cabula, serão remanejados para a Escola Francisco da Conceição Menezes e ao Colégio Estadual Governador Roberto Santos.

De acordo com a SEC, o prédio da Escola Erwin Morgenroth, em Ondina, será devolvido à entidade mantenedora. Os estudantes de educação especial da escola serão atendidos em outras instituições, no mesmo bairro, com vagas disponíveis, a exemplo do Centro de Educação Especial da Bahia, Instituto Pestalozzi e Colégio Wilson Lins.

Os estudantes que não moram nos Barris poderão optar pelas escolas no entorno: Ipiranga, Úrsula Catarino, Edgard Santos, Rui Barbosa e Severino Vieira.


http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1337760

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