Com
amplas possibilidades de expandir a produção nacional de pescado em
reservatórios públicos, no litoral e nas propriedades rurais, o Governo
Federal elabora agora, de forma participativa e democrática, sob a
coordenação do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a normatização das boas práticas
para o cultivo de algumas das principais espécies de interesse
comercial. São elas a tilápia – muito produtiva em cativeiro - o
tambaqui, peixe onívoro da Amazônia, e frutos do mar como ostras,
mexilhões e vieiras.
O processo de
elaboração das normas, indispensável para o Brasil alcançar liderança em
todos os segmentos de proteína animal – falta o pescado, justamente a
proteína mais saudável e de maior expressão comercial no mundo (acima de
US$ 200 bilhões, de acordo com a FAO), – começou há três anos com a
participação de mais de 70 instituições, como universidades, centros de
produção, institutos federais, Ministério da Agricultura, Embrapa,
EPAGRI, FIPERJ e secretarias de governo estaduais e municipais.
“Quando as normas forem
confirmadas pela sociedade, elas se tornarão não impositivas para todos,
apenas referenciais importantes para garantir a estruturação dos
negócios, a segurança do próprio criatório e a qualidade final dos
produtos para os consumidores”, adianta Américo Ribeiro Tunes,
secretário de Monitoramento e Controle da Pesca e Aquicultura do MPA.
Selo de qualidade
Embora
a adesão às normas sobre a criação de pescado seja voluntária, os
estabelecimentos que estiverem adequados às melhores práticas de manejo
poderão receber um selo de qualidade, conferido pelo MPA/Inmetro, o que
poderá valorizar os seus produtos junto aos consumidores e até abrir as
portas para a exportação. “Alguns pontos fundamentais para a defesa do
consumidor e a proteção ambiental, como a biossegurança em aquicultura,
serão exigidos por atos normativos ministeriais, de forma independente”,
esclarece Eduardo Cunha, coordenador geral de Sanidade Pesqueira do
MPA.
Para ele, a normativa assegura
marcos de excelência, que podem inspirar positivamente toda a cadeia
produtiva. A adesão dos pequenos e médios aquicultores às boas práticas,
em termos de assistência técnica e orientação no financiamento, será
feita com o apoio Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE).
Consulta às bases
Para
a elaboração da proposta de boas práticas foi criada uma comissão na
ABNT, com a participação ampla dos setores ligados ao tema, e realizadas
30 visitas técnicas, em 2012, a produtores de todas as regiões
brasileiras. Assim, responde a demandas práticas do próprio setor, como
higiênico-sanitárias e de manejo, segurança, qualidade, bem estar
animal, insumos, controle e monitoramento ambiental, rastreabilidade,
qualidade da água e critérios de sustentabilidade.
O
texto também leva em conta resoluções do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama) e as Diretrizes para Certificação da Aquicultura, da
FAO.
As normas apresentadas para a
aquicultura nacional não são genéricas. Na proposta em consulta pública
apenas a parte “Requisitos Gerais” descreve requisitos comuns a todas as
espécies, como higiene pessoal, higiene ambiental e áreas comuns. As
demais partes são específicas para as espécies “tambaqui”, “tilápia” e
“moluscos bivalves”. Também está em construção uma norma para “camarão”.
Potencial brasileiro
A
aquicultura já é responsável pelo atendimento de metade do consumo
humano de pescado, tendo em vista o esgotamento dos rios e oceanos. A
demanda cresce e o Brasil é um dos poucos em condições de expandir
fortemente a produção. Tem água, espécies promissoras, espaço para
produzir ração e clima favorável.
O
governo brasileiro aposta na atividade para gerar empregos e riquezas.
“Simplificamos o licenciamento ambiental, desoneramos impostos e estamos
expandindo os criatórios, a pesquisa, a sanidade animal e o crédito,
através do Plano Safra da Pesca e Aquicultura”, diz o ministro Marcelo
Crivella, da Pesca e Aquicultura. “Agora chegou a vez de
universalizarmos as boas práticas na aquicultura, para aumentarmos a
competitividade, a produtividade e a qualidade do pescado brasileiro ”,
afirma.
O acesso à consulta pública exige cadastramento simples e é feito no endereço eletrônico http://www.abntonline.com.br/consultanacional/projetos.aspx?ID=788&Projeto=ABNT/CEE-192%20Aquicultura
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