Gestores e arqueólogos do Campus VIII (Paulo Afonso) da UNEB denunciam atos de vandalismo em sítios arqueológicos do município - Universidade busca apoio de órgãos públicos e segmentos sociais para preservar Museu a Céu Aberto de Artes Rupestres e outros sítios na região - Leia REPORTAGEM
A ação de depredação aos sítios arqueológicos de Paulo Afonso continua a preocupar gestores, arqueólogos e pesquisadores do Campus VIII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), sediado no município, que buscam apoio para preservar os 112 sítios catalogados nos povoados de Rio do Sal, Lagoas das Pedras, Mão Direita e Malhada Grande.
Em 2009, a UNEB, em parceria com a Secretaria estadual do Meio Ambiente (Sema), inaugurou o Museu a Céu Aberto de Artes Rupestres com o objetivo de preservar os sítios arqueológicos da região, possibilitando que as pessoas conheçam a história dos povos indígenas do Nordeste, a exemplo dos grupos pré-coloniais de mais de nove mil anos atrás.
Antes do museu, as artes rupestres - códigos pintados por grupos originários da Bacia do São Francisco em rochas situadas no platô do cânion do Velho Chico - estavam sendo destruídas por extratores de granitos, que usavam as rochas para confecção de paralelepípedos.
“Estamos lidando com uma situação grave e delicada. Famílias precisam sobreviver e dependem das rochas. Essa atitude depredatória é um sinal de desespero, de apelo. Já denunciamos ao Ministério Público Federal os eventos ocorridos, fizemos comunicação com várias organizações que têm acompanhado esse caso, pedindo uma alternativa econômica para essa realidade social, mas até hoje não tivemos nenhum retorno”, observou Juracy Marques, diretor do Departamento de Educação (DEDC) do campus.
Segundo a arqueóloga e professora da UNEB Cleonice Vergne, caso não haja uma intervenção estrutural para resolução dessa problemática, “fica impossível continuar pensando em preservar o patrimônio”.
O último ataque de vandalismo aconteceu em janeiro deste ano, quando foi destruída a estrutura de um sítio arqueológico. Passarela e cercas de proteção foram quebradas, e as placas de identificação do local foram amassadas e perfuradas a bala.
Apoio indígena
A universidade está sensibilizando também os índios em releção aos problema nos sítios arqueológicos.
Em janeiro, durante uma aula de campo do curso de Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena (Liceei) no Museu a Céu Aberto de Artes Rupestres, ministrado por Cleonice Vergne e pela também professora da UNEB Floriza Fernandes, os povos indígenas das etnias tuxá, tumbalalá, kiriri, kaimbé, pankararé e xukuru-kariri testemunharam a depredação.
Revoltados com a inércia das instituições responsáveis pela preservação do patrimônio histórico, os índios entregaram um documento ao procurador Samir Nachef, do Ministério Público Federal no município, reivindicando a abertura de uma ação judicial contra a depredação.
No encontro, que contou com a participação de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Nachef se comprometeu em buscar soluções para o problema.
[Texto: Ascom/UNEB, com informações do DEDC/Campus VIII. Imagem: Divulgação] cs/ma
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