10 de novembro de 2014

PEIXE-BOI está ameaçado de extinção.

Para prevenir novas mortes de peixes-boi, o CMA/ICMBio pretende intensificar ações educativas e de fiscalização.

Veja como ajudar a proteger os peixes-bois: http://migre.me/mGMk8

© Todos os direitos reservados. Foto: Luciano Candisani

Mais um peixe-boi é morto no nordeste

Em dois dias, é o segundo caso de morte intencional do animal
Mais um peixe-boi é morto no nordeste brasileiro. Foto: Luciano Candisani
Gustavo Frasão
gustavo.caldas@icmbio.gov.br

Dois peixes-bois foram mortos, intencionalmente, semana passada no nordeste brasileiro. O primeiro caso ocorreu no dia 28 de outubro, em Alagoas, quando um macho, chamado de Fontinho, morreu após levar tiros na cabeça. Dois dias depois, em Sergipe, outro macho, que recebeu o nome de Arani, levou pauladas, também na região da cabeça, e não resistiu aos ferimentos.

Os dois mamíferos foram reintroduzidos na natureza e eram monitorados pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Polícia Federal está investigando os casos, mas ainda não identificou suspeitos ou a motivação destes crimes ambientais.

"Os dois animais foram soltos na natureza e estavam totalmente adaptados ao ambiente natural. Devido ao trabalho de educação e conscientização ambiental que nós fazemos com a sociedade, desde 2012 não havia nenhum registro de morte, nem intencional nem natural dos peixes-bois, tanto os nativos quanto aqueles que foram reintroduzidos pela nossa equipe", explicou Fernanda Löffler Niemeyer Attademo, coordenadora-substituta do CMA.

A espécie foi caçada intensamente no período colonial, o que praticamente acabou com os peixes-bois no Brasil. No fim da década de 1960, a caça do mamífero aquático foi proibida, mas a espécie continua criticamente ameaçada de extinção. De acordo com o CMA, existem apenas 500 exemplares do animal no litoral brasileiro.

Há 20 anos o CMA desenvolve atividades de educação ambiental, com campanhas e ações de sensibilização social, e monitora a espécie por meio do Projeto Peixe-Boi. Até o momento, foram realizadas 38 solturas, com uma taxa de sucesso de aproximadamente 75%.

"Este projeto aumenta o número de indivíduos através das solturas. A população tem aumentado gerando um aumento do número de nascimentos e o consequente encalhe de alguns filhotes devido a condições ambientais extremas", explicou Fernanda. O trabalho permanente de educação e fiscalização faz com que existam poucas ocorrências de mortes dos animais na região. "Agora, por causa destas duas mortes, precisamos intensificar as ações preventivas", planejou a coordenadora.

Até 2013 não existiam registros de encalhes de filhotes de peixe-boi no estado de Alagoas. Entre 2013 e 2014 já foram registrados três eventos, sendo que nos dois primeiros casos os animais foram devolvidos ao mar pela comunidade antes da chegada das equipe do CMA/ICMBio.

Todos os registros foram realizados fora de Unidades de Conservação (UCs), o que indica que os peixes-boi têm utilizado, para fins de reprodução, áreas com menor grau de proteção ambiental.

"Hoje, as principais ameaças são a degradação do meio ambiente, com a destruição de manguezais, poluições marítimas e o encalhe de filhotes. O peixe-boi tem uma reprodução bastante lenta, o que dificulta ainda mais a recuperação da espécie", destacou a coordenadora.

Os filhotes que encalham vivos nas praias – geralmente recém-nascidos – são resgatados pelo CMA ou por parceiros da Rede de Encalhes e Informação de Mamíferos Aquáticos do Brasil (Remab). Em seguida, são levados para os Centros de Reabilitação, localizados em Itamaracá/PE e Caucaia/CE.

Após a reabilitação, que pode durar de três meses a um ano, os animais que atendem ao Protocolo de Reintrodução, ou seja, que estão adaptados para voltar a viver em ambiente natural, são levados para a Base do CMA em Porto de Pedras/AL, onde são devolvidos à natureza. Depois de soltos, os peixes-bois são monitorados diariamente por satélite e em campo.

O município de Porto de Pedras, onde fica a base do CMA, em Alagoas, é o único sítio de soltura de peixes-bois marinhos no Brasil. Só nessa região 26 animais foram devolvidos à natureza, contribuindo para o aumento da população e redução da ameaça da extinção.

Importância do peixe-boi para a biodiversidade
Os peixes-bois atuam, principalmente, na fertilização dos rios e oceanos. São animais herbívoros e consomem grande quantidade de ​vegetais por dia. As fezes do mamífero servem de alimento para diversos organismos, como zooplancton, peixes e crustáceos. Além disso, eles fazem o controle populacional das plantas que consomem, ajudando a manter o equilíbrio da biodiversidade marinha.

O que fazer para ajudar a proteger a espécie
Ao avistar peixes-bois na natureza, nunca toque no animal, nem ofereça alimento ou água. É necessário que estes mamíferos se tornem selvagens, por mais amigáveis que sejam com os seres humanos, para que consigam se reproduzir e continuar contribuindo com a recuperação da espécie. É permitido observar à distância e fotografar ou filmar.

No caso de ​encontrar ​animais encalhados, ​ligue imediatamente para o CMA: (81) 3544 1056 - PE ou (82) 3298 1388 - AL). Proteja o animal do sol até a chegada da equipe especializada. As ligações podem ser feitas a cobrar.

Dicas para ajudar a proteger a espécie
- Não jogue lixo nas praias e rios;
- Mantenha áreas de mangue. Elas são fonte de alimentação para os peixes-boi;
- Pratique pescas sustentáveis e artesanais;
- Trafegue devagar com embarcações nas áreas em que há ocorrências de peixes-boi;
- Se encontrar um animal encalhado, ligue para o CMA/ICMBio e evite tocar no animal.

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