28 de novembro de 2011

Festa de Yemanjá em Salvador: religiosidade e meio ambiente

Posted by Fabiano Prado Barretto on nov 26, 2011 in Cláudio Sampaio - Penedo, Colunistas, Iracema Silva - Salvador, News, Sérgio Santana - Salvador | 1 commentA pesquisa indicou também que 77% dos entrevistados não concordam com presentes compostos por qualquer tipo de material, devido ao risco de poluição. A maior parte dos entrevistados que concordou com presentes de qualquer tipo justificou a escolha na tradição de que os presentes devem agradar a Orixá, independente da sua composição.Salvador, 26 de novembro de 2011Festa de Yemanjá em Salvador: religiosidade e meio ambiente© 2011 Athila Bertoncini / www.pleuston.comIracema Reimão Silva, Cláudio Sampaio e Sérgio Santana NetoComissão Científica da Global GarbageHá 88 anos, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, é realizada a festa em homenagem a Yemanjá, considerada a Mãe de todos os Orixás. Nesta festa, ocorrida no dia 02 de fevereiro e organizada pelos pescadores da Colônia Z-01, milhares de pessoas entregam seus presentes à entidade. Estas oferendas são organizadas em balaios de vime e levadas ao mar em uma grande procissão marítima (Jornal A Tarde, 02/02/2011).© 2011 Cláudio SampaioEmbora a festa realizada no Rio Vermelho seja a mais conhecida, outras colônias baianas de pescadores também homenageiam Yemanjá no dia 02 de fevereiro. Nos demais estados a festividade acontece no dia 08 de dezembro.© 2011 Athila Bertoncini / www.pleuston.comSegundo a historiadora Maria Helena Flexor, desde o início do século passado já eram realizadas festas religiosas presenteando entidades no Dique do Tororó (Oxum ou Oxumidou) e no mar (Yemanjá – também conhecida como Ogun-te a maior, a Rainha, a Mãe dos peixes, geradora das águas). Acredita-se que a extinta festa da Purificação de Nossa Senhora ou das Candeias, que também era comemorada em 02 de fevereiro, tivesse relação com Yemanjá.© 2011 Athila Bertoncini / www.pleuston.comNa tentativa de avaliar a percepção dos participantes e alertar sobre a necessidade de escolher presentes preferencialmente biodegradáveis, o Grupo de Estudos sobre Lixo Marinho (Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e de Meio Ambiente/UFBA, UFAL, Diretório Acadêmico de Oceanografia/UFBA e Global Garbage) realizou 147 entrevistas intencionais (sem pretensão estatística) durante a Festa de Yemanjá, no dia 02/02/2011. Durante estas entrevistas foi aplicado um questionário com uma breve caracterização socioeconômica dos entrevistados (gênero, idade, escolaridade, renda mensal e local de residência) e com questões referentes aos presentes (O que você costuma oferecer a Yemanjá? O que acontece com os presentes depois da festa? Você concorda com presentes feitos de qualquer material? Por quê? Quais presentes são mais adequados?).© 2011 Athila Bertoncini / www.pleuston.comA análise destes questionários indicou predominância de mulheres (69%), com idades entre 18 e 50 anos (73%), com ensino superior completo (49%), renda mensal entre 1 e 10 salários mínimos (67%) e moradoras de Salvador (73%).A maior parte dos entrevistados costuma oferecer flores e perfumes. São também ofertados espelhos, pentes, sabonetes, bijuterias, bonecas, comidas (especialmente frutas e doces), maquiagens, fitas coloridas, dinheiro, entre outros itens. Quando perguntados sobre o que acontece com os presentes depois da festa, 51% dos entrevistados responderam que eles ficam no mar e 18% acreditam que só permanecem no mar os que são aceitos por Yemanjá, os não aceitos retornariam para a praia.© 2011 Athila Bertoncini / www.pleuston.comA pesquisa indicou também que 77% dos entrevistados não concordam com presentes compostos por qualquer tipo de material, devido ao risco de poluição. A maior parte dos entrevistados que concordou com presentes de qualquer tipo justificou a escolha na tradição de que os presentes devem agradar a Orixá, independente da sua composição.© 2011 Athila Bertoncini / www.pleuston.comQuando perguntados sobre o presente ideal, 68% indicaram flores e perfumes (sem o recipiente).Esta pesquisa representa uma primeira contribuição na tentativa de evidenciar que é possível manter a tradição sem prejudicar demais os ecossistemas costeiros e marinhos através da substituição do plástico (utilizando então pentes de madeira e bonecas de pano) e do vidro (ofertando apenas o perfume sem o recipiente) e dando-se preferência às flores.Iracema Reimão Silva é Doutora em Geologia Costeira, Marinha e Sedimentar, Professor Adjunto do Departamento de Sedimentologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).Cláudio L. S. Sampaio é Biólogo, Doutor em Zoologia e Professor Adjunto do curso de Engenharia de Pesca, Unidade de Ensino Penedo, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).Sergio Pinheiro de Santana Neto é Biólogo, Mestrando em Geologia Costeira, Marinha e Sedimentar pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores