1 de dezembro de 2009

Café Científico discute 50 anos da síndrome de Down

A professora Lília Maria de Azevedo Moreira, do Instituto de Biologia da UFBA, é convidada deste mês no Café Científico, abordando o tema “50 anos da descoberta da trissomia 21 como causa da síndrome de Down: o que pode ainda ser pesquisado?” O encontro é no dia 14 de dezembro, às 18h30, na LDM - Livraria Multicampi (Rua Direita da Piedade), às 18h30, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS) e pela LDM. O Café Científico é um local em que qualquer pessoa pode discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos sociais. Ele oferece uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem face a face para discutir questões científicas, numa atmosfera agradável. O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição. O telefone da livraria é (71)2101-8000. Informações podem ser conseguidas também no telefone (71) 3283-6568. Mais informações sobre o café científico de Salvador podem ser encontradas em Erro! A referência de hiperlink não é válida.. O início do estudo científico da Síndrome de Down (SD) data do século XIX, com os trabalhos de Esquirol (1838), Segun (1846), Langdon Down (1866) e Fraser e Michel (1876). O farmacêutico e médico inglês John Langdon Down teve o mérito de publicar no seu artigo as características principais da síndrome e também, seguindo as tendências científicas da época, propor uma classificação étnica da deficiência intelectual, de acordo com uma retrogressão racial. Daí a denominação "mongolóide", que caiu em desuso depois da década de 70, sendo suprimida dos periódicos científicos e substituída pela designação Síndrome de Down. Em 1956 foi conhecido o número correto de cromossomos humanos e em 1959, exatamente há 50 anos, publicado o trabalho seminal do pesquisador francês Jerome Lejeune, estabelecendo a causa da Síndrome de Down pelo excesso de material genético do cromossomo 21. O grande legado do Prof. Lejeune foi ter identificado a origem cromossômica da síndrome de Down o que levou ao esclarecimento de diversos aspectos biomédicos relacionados a esta síndrome e a outros numerosos distúrbios hereditários. O desenvolvimento metodológico nesta área de pesquisa permitiu a realização do diagnóstico pré-natal, atualmente de uso rotineiro, embora limitado por aspectos éticos e econômicos, assim como a delimitação de região genética no cromossomo 21, presumidamente crucial para a manifestação de sinais e sintomas da síndrome como cardiopatia congênita, deficiência intelectual e o envelhecimento precoce. A comparação do seqüênciamento do genoma de ratos com o humano, com o reconhecimento de regiões sintênicas entre o 21 humano e os cromossomos 16,17 e 10 dos animais, levou ao estudo das manifestações SD em modelos animais, que não obstante a sua grande contribuição, apresenta limites na aplicação dos conhecimentos obtidos. Estudos refinados associando metodologias da citogenética com a genômica têm confirmado a participação de genes como o APP (proteína beta amilóide) na manifestação dos sintomas de envelhecimento precoce que ocorre em torno de 43% das pessoas com a síndrome na faixa dos 50 anos. Moreira, Gusmão e El-Hani (2000) observam que "não obstante a SD ser uma condição claramente genética, uma explicação gene - cêntrica não dá conta de todos os seus aspectos". Há ainda muitas questões científicas na genética da SD ainda não resolvidas, mas o avanço destes estudos tem sido acompanhado de mudanças atitudinais e medidas eficientes de tratamento médico, atualmente proporcionando à pessoa com a síndrome de Down uma vida melhor e mais longa.

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