Preparativos para a Reunião do Clima em Copenhague
Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.
As discussões sobre o clima na reunião preparatória de Barcelona e as programadas para o início de dezembro, em Copenhague, são decisivas para todos os países. Porque se não houver acordo para reduzir as emissões de gases que aquecem o planeta, os desastres climáticos se intensificarão muito. E eles já atingiram mais de 200 milhões de pessoas no ano passado e mataram dezenas de milhares.
Fatores que podem agravar os desastres já estão presentes. O derretimento dos gelos no Ártico está acontecendo em velocidade muito maior que a prevista pelos cientistas. Todo o gelo poderá desaparecer em poucas décadas. Isso afetará a temperatura dos oceanos, as correntes marítimas, poderá gerar mais furacões e ciclones. E poderá liberar uma quantidade gigantesca de metano que está sob os gelos e que polui muitas vezes mais que o carbono.
Também os gelos do Himalaia, do qual depende o volume dos principais rios da Ásia, estão diminuindo. Assim, como as geleiras dos Andes - o que pode afetar as bacias amazônica e do Prata.
Mais de 20% da população mundial, que vive em áreas costeiras, poderá ser atingida pela elevação das águas. Mais de 30 países-ilhas correm o risco de desaparecer. Um deles, as Ilhas Maldivas, já está comprando terras em outros países, para transferir sua população. E seus ministros fizeram há poucos dias uma reunião debaixo dágua para chamar a atenção do mundo.
80 por cento dos desastres no mundo atingirão as pessoas mais pobres.
O diagnóstico mais recente do respeitado Hadley Centre é de que, com a tendência atual de emissões, a temperatura no planeta poderá elevar-se 4 graus - e há um consenso de que ela não deve ir além de dois graus, sob pena de conseqüências gravíssimas.
Na verdade, até aqui as lógicas financeiras continuam prevalecendo. Cada país pensa primeiro no preço de mudar seus modelos econômicos, seus formatos de energia e transportes, de não desmatar, de não emitir metano pelo gado. E reluta muito em reduzir o seu consumo. Enquanto essas lógicas prevalecerem, tudo será muito difícil e muito preocupante.
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