Pinturas rupestres em sítio arqueológico de São Desidério são riscadas por visitantes
TEXTO DE Bruna Castelo Branco / BAHIA NOTICIAS
Foto: Eduardo Andrade / Leitor BN
Expressões como “Vida Loka”, corações e nomes cobrem as
pinturas rupestres de um sítio arqueológico em São Desidério, na região
da Bacia de Rio Grande. O sítio é localizado em uma propriedade privada e
para fazer visitas é preciso pagar R$ 5,00. Os estragos foram feito
pelos próprios visitantes. Não há seguranças nem vigias para guardar o
local e não é obrigatória a entrada com guias turísticos. Eduardo
Andrade visitou o local e fez a denúncia sobre a degradação do sítio ao
Bahia Notícias. “É um local muito bonito, mas infelizmente está mal
preservado”, disse. “Mesmo com a cobrança de entrada, nem sempre há
vigília. Fui lá, entrei e saí e ninguém cobrou”, contou Andrade. Segundo
ele, o turismo também não é muito bem explorado: “não há estrutura
turística”.
"Não levamos mais turistas porque o sítio está abandonado, então evitamos", diz Juscelino Ferreira / Foto: Eduardo Andrade / Leitor BN
Juscelino Ferreira, dono de uma empresa que explora ecoturismo
na região, a Bioma, declarou que o local está tão mal preservado que ele
optou por não levar mais turistas para fazer conhecer o sítio. “Não
levamos mais turistas porque o sítio está abandonado, então evitamos.
Quando alguém insiste muito em fazer a visita, levamos, mas acabamos
ficando constrangidos”, afirmou. Ainda de acordo com Juscelino, ele e
alguns conselheiros ambientais da região tentaram entrar em contato com o
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac),
departamento ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), para discutir o caso, mas não obtiveram resposta. “Já
falamos com a Secretaria de Meio Ambiente, mas isso é responsabilidade
do Iphan”. Ferreira acredita que, pelo sítio estar localizado em uma
propriedade privada, “não há muito interesse”.
A legislação brasileira prevê multas para quem danifica o patrimônio rupestre / Foto: Eduardo Andrade / Leitor BN
Para ele, o ideal é que o sítio arqueológico fosse tombado e
virasse um museu a céu aberto. “Mas eu imagino que se o Ipac não
conseguisse tombar ou desapropriar a área, poderia fazer uma parceria
para evitar a degradação”, opinou Ferreira. A legislação brasileira
prevê multas para quem danifica o patrimônio rupestre. Para que o Ipac
tombe alguma área, é necessário que um solicitante envie um ofício, com
imagens ou documentos anexos, com o pedido. Caso o instituto considere
os documentos pertinentes, um arquiteto, arqueólogo ou historiador é
enviado, junto a um fotógrafo, para o local indicado e faz uma
avaliação. A legislação brasileira prevê multa – em cruzeiros – para quem danifica os “monumentos arqueológicos ou pré-históricos”.
"O Ipac poderia fazer uma parceria para evitar a degradação", opinou Ferreira / Foto: Eduardo Andrade / Leitor BN
Há sítios arqueológicos espalhados em mais de 50 municípios
baianos, entre eles Morro do Chapéu, que agrupa 40 áreas rupestres,
Lençóis, Palmeiras, Iraquara e Wagner. Essas cidades já iniciaram
projetos de educação e sensibilização da população local para evitar a
degradação do patrimônio e discutir atividades relacionadas aos sítios.
Essa não foi a primeira degradação a patrimônios pré-históricos
acontecida na Bahia em 2015. Em janeiro deste mês, o Bahia Notícias denunciou a danificação de um sítio arqueológico por uma mineradora em Morro do Chapéu.
http://www.bahianoticias.com.br/municipios/noticia/829-pinturas-rupestres-em-sitio-arqueologico-de-sao-desiderio-sao-riscadas-por-visitantes.html
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