7 de dezembro de 2009

UEFS - Pesquisadores da Uefs produzem bioinseticida a partir do sisal

Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) resultou na produção de um inseticida natural a partir do sisal que pode ser usado para combater ácaros, fungos, mosquitos e pragas que atacam a lavoura. A partir dos experimentos realizados, ficou comprovado que o bioinseticida possui o mesmo efeito do inseticida químico, mas traz a vantagem de não contaminar o meio-ambiente, não representar risco à saúde humana e ter baixo-custo.

Segundo o coordenador da pesquisa, professor doutor Juan Tomás Ayala Osuna, o sisal é pouco aproveitado. “Apenas 5% da folha do sisal é aproveitada, que é justamente a fibra utilizada na produção de carpete, telhas, tijolos, pára-choques; o restante, 95%, é descartado no meio ambiente”, explica.

Os pesquisadores observaram que as substâncias que compõem e protegem o sisal (saponinas, cumarinas, taninos e alcalóides) causam efeitos tóxicos, de irritação, e interferem no desenvolvimento dos insetos.

A partir dessa constatação, os estudiosos, durante três anos, se debruçaram na busca de produzir um bioinseticida explorando essas substâncias, para combater principalmente as pragas.

As lagartas destroem as plantações de milho e reduzem a produção em até 52% da lavoura, trazendo prejuízos aos produtores rurais. “Alimentando-se das folhas, a fotossíntese fica comprometida, reduzindo o nível de oxigênio necessário para o desenvolvimento da planta, para alcançar maior produtividade e melhor qualidade do fruto”, salienta Ayala.

Eficiência

Foi aproveitando o resíduo que representa os 95% de composição do sisal, que os pesquisadores extraíram um líquido e após vários experimentos encontraram a fórmula ideal para o inseticida natural. Os resultados impressionaram os pesquisadores e foram altamente eficientes não somente no controle de pragas, mas também como inseticidas contra mosquitos, fungos e ácaros.

Primeiramente, as fibras são retiradas. O resíduo, antes descartado, é levado ao laboratório de extração, onde é espremido com a prensa até sair o resíduo líquido. Este é filtrado duas vezes e depois é desidratado em uma estufa a 60ºC. Após a desidratação, o resíduo líquido concentrado é misturado a uma proporção de etanol, calculada pelos pesquisadores. O bioinseticida está pronto, basta que o agricultor misture com a água para pulverizar.

Aproveitamento

A mucilagem que restou após a extração do líquido também pode ser aproveitada. Segundo Juan Ayala, ela pode ser utilizada como adubo ou na alimentação animal misturada a outros cereais.

O coordenador da pesquisa chama atenção para a necessidade de aproveitar tudo o que o sisal pode oferecer e não somente a fibra. Ele acredita que o potencial de aproveitamento do sisal é maior do que se imagina. “Assim como o aproveitamento do milho, do trigo e da soja são de 100%, o sisal também pode alcançar esse aproveitamento”, salienta.

Originário do México, o sisal se adaptou muito bem ao semi-árido brasileiro por ser uma planta resistente à seca. Por conta disso, hoje o Brasil é o maior produtor de sisal no mundo, representando 77% da produção mundial. E o Estado da Bahia é o maior produtor de sisal do país, concentrando 87% da produção nacional. A região produtora se concentra no semi-árido baiano, e os principais pólos produtores são os municípios de Valente, Retirolândia, São Domingos e Queimadas.

A fibra beneficiada ou industrializada rende cerca de 82 milhões de dólares por ano em divisas para o Brasil, além de gerar mais de meio milhão de empregos na cadeia de serviços.

Como a Uefs é uma instituição de pesquisa, o coordenador da pesquisa Juan Ayala, espera que alguma empresa ou órgão se interesse em produzir o bioinseticida em larga escala para que a comunidade seja beneficiada.

Vívian Leite – Ascom/Uefs

25 de novembro de 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores