Nova gripe que mata focas pode se tornar ameaça para humanos
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DO "NEW YORK TIMES"
Pelo menos 162 focas, a maioria bebês, morreram na costa da Nova
Inglaterra (EUA) afetadas pelo que parece ser uma nova variação do vírus
influenza. A infecção provavelmente aconteceu após o contato com aves
contaminadas.
A morte dos animais começou a ser detectada em setembro do ano passado.
Ao analisar os corpos, os cientistas verificaram que as características
não se encaixavam em outras formas naturais de mortandade, como
inanição, ou mesmo outras doenças.
Indo mais a fundo, detectou-se a variação do Influenza, um vírus com alta capacidade de mutação e adaptação.
A nova gripe que está atingindo as focas é um vírus H3N8, uma categoria que também infecta cachorros e cavalos.
Segundo os autores do trabalho, publicado na revista "mBio", ainda não
está claro o grau de ameaça que o novo vírus impõe. De qualquer maneira,
é preciso ficar atento.
Vários animais, incluindo focas, morcegos, pássaros, porcos, cachorros e
até mesmo baleias podem pegar um tipo de gripe, conhecida com influenza
A. Esses vírus conseguem se adaptar e infectar populações humanas.
Pássaros selvagens são a fonte primária de todos os influenza A, mas os
vírus podem "pular" de uma espécie para outra, ou mesmo se recombinar.
Em geral, os resultados são mortais.
Conhecida como gripe suína, a gripe provocada pelo H1N1 causou pânico em
2009. A pandemia foi resultado da combinação de vírus que infectavam
suínos, pássaros e humanos.
Embora os pássaros possam contaminar os mamíferos, em geral os vírus não
são transmitidos entre eles. O novo vírus das focas, porém, conseguiu
romper essa barreira e se disseminar também de uma foca para outra. Algo
parecido com que os vírus mortais de anos atrás também fizeram.
MUTAÇÕES POLÊMICAS
No ano passado, dois grupos de pesquisadores conseguiram, em pesquisas
independentes, alterar o vírus da gripe com mutações que tornavam mais
fácil sua disseminação entre mamíferos.
O governo dos EUA decidiu intervir e pediu que as revistas científicas
"Science" e "Nature" não publicassem os resultados. Os americanos
alegaram que as informações poderiam cair nas mãos de terroristas, que
teriam então uma "receita" para a produção de armas biológicas.
Os cientistas afirmaram que muitas dessas mutações já estavam
disponíveis na natureza, e que o melhor a fazer era estudar a fundo
essas adaptações para conseguir se antecipar a possíveis cepas mortais
do influenza.
Após uma moratória de alguns meses nas pesquisas, os estudos foram publicados.
A natureza, como se vê agora, não interrompeu seus trabalhos.
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