JMA-Jornal Meio Ambiente | Fonte Fapesp
A comunidade científica internacional já definiu que, depois da
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (
RIO+20), será preciso estabelecer uma agenda de pesquisa e tecnologia e inaugurar uma nova relação entre ciência e sociedade.
O fórum reunirá alguns dos principais cientistas e formuladores de
políticas públicas com o objetivo de explorar o papel-chave da ciência
interdisciplinar e inovadora na transição para o desenvolvimento
sustentável, para a economia verde e para a erradicação da pobreza – as
questões centrais que serão discutidas na RIO+20, entre 20 e 22 de
junho.
O fórum será organizado pelo Conselho Internacional para a Ciência
(ICSU, na sigla em inglês), em parceria com a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Federação
Mundial das Organizações de Engenharia (WFEO), o Conselho Internacional
de Ciências Sociais (ISSC), o Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
De acordo com Alice Abreu, coordenadora regional da Iniciativa
RIO+20 da ICSU, o fórum – que será integralmente transmitido pela
internet – discutirá temas centrais para o desenvolvimento sustentável
inclusivo.
“O fórum será uma importante oportunidade para tentar gerar um
diálogo entre a comunidade científica e a sociedade civil. Esperamos
representantes governamentais, em nível internacional, para discutir
temas que são absolutamente centrais para a RIO+20”, disse Abreu à Agência FAPESP.
Os objetivos do fórum estão alinhados com as conclusões da
Declaração sobre o estado do planeta,
que consolidou a posição da comunidade científica em relação aos
debates da RIO+20. A declaração foi produzida depois de intensos debates
envolvendo mais de 3 mil cientistas especializados em temas
socioambientais, durante a reunião
Planet Under Pressure, realizada em Londres (Inglaterra), na última semana de março.
A principal conclusão da declaração é que os sistemas terrestres
estão passando por uma crise sem precedentes e, para evitar uma
emergência humanitária de escala global, será preciso realizar ações que
só serão viáveis com o estabelecimento de um novo pacto entre a ciência
e a sociedade, com maior conectividade entre as lideranças de todos os
setores.
Segundo Abreu, os organizadores do fórum propõem uma reflexão sobre
como vai ser a transformação da relação entre ciência e sociedade
depois da RIO+20.
“Fazemos um grande esforço para que os governos reconheçam a
necessidade de basear em conclusões científicas suas políticas voltadas
para o desenvolvimento sustentável. Mas achamos que a ciência também
precisa fazer sua parte: aproximar-se da sociedade, privilegiar a
interdisciplinaridade e engajar-se em buscar soluções para os problemas
sociais, sem deixar de priorizar a ciência básica”, disse Abreu.
Além de discutir como a ciência poderia servir melhor a sociedade,
fornecendo o conhecimento necessário para enfrentar o desafio do
desenvolvimento sustentável, o fórum também deverá debater como garantir
a sustentabilidade econômica e o bem-estar humano em um contexto de
rápidas mudanças ambientais e sociais.
Outro eixo central do fórum será a discussão sobre como equilibrar a
segurança alimentar e energética em um mundo em crescimento econômico e
populacional, sem esgotar os recursos naturais, nem ultrapassar os
limites planetários.
Essas discussões serão divididas em 11 temas: “Bem-estar humano e
tendências populacionais”, “Consumo sustentável e produção”, “Mudanças
climáticas e ambientais”, “Segurança alimentar”, “Segurança hídrica”,
“Bem-estar urbano”, “Serviços ecológicos e biodiversidade”, “Saber
indígena”, “Desastres”, “Energia” e “Economia verde”.
Segundo Abreu, o processo de escolha dos palestrantes, bastante
complexo e descentralizado, garantiu a variedade e representatividade
necessárias para que o evento tivesse um caráter global. Cada uma das
seis instituições que organizaram o fórum em parceria indicou, para cada
um dos temas, dois coordenadores de sessões que não pertenciam
necessariamente aos seus quadros.
“Esses coordenadores foram escolhidos de forma balanceada entre
Norte e Sul, mulheres e homens, países desenvolvidos ou em
desenvolvimento e assim por diante. Eles foram responsáveis por propor
uma lista de palestrantes que depois foi aprovada por um comitê
internacional composto pelos seis reitores das universidades parceiras”,
explicou.
“Futuro da Terra” e sessões paralelas
Além das discussões, a programação do fórum inclui o lançamento de uma nova iniciativa global de dez anos: a Future Earth – research for global sustainability.
“O novo programa é resultado de uma iniciativa de dez organizações
internacionais que tentarão inovar na maneira como a ciência é feita. O
objetivo do Future Earth é estabelecer de fato um novo contrato
entre ciência e sociedade no sentido de envolver todos os campos
científicos – incluindo engenharias e ciências sociais – para buscar uma
interlocução entre todos os atores da sociedade e estabelecer uma
agenda de pesquisa”, disse Abreu.
Na abertura da sessão, o diretor científico da FAPESP, Carlos
Henrique de Brito Cruz, falará sobre o tema “Ciência e tecnologia para o
desenvolvimento sustentável na FAPESP”.
Em seguida, serão realizadas apresentações dos coordenadores de
três grandes iniciativas da FAPESP: o Programa FAPESP de Pesquisa sobre
Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), o BIOTA-FAPESP e o Programa FAPESP
de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
No dia 13 será a vez do “Symposium: Unanswered key questions for
biodiversity conservation”, com a coordenação do programa BIOTA-FAPESP.
Outras sessões paralelas serão: “Belmont Forum Collaborative
Research Actions to foster international environmental research most
urgently needed to remove critical barriers to sustainability” (também
coordenada pela FAPESP), “Global Change and Social Transformation”,
“Oceans in Focus: Science and Governance for Global Sustainability” e
“Science, Technology and Innovation for the Sustainable Development of
Amazonia: a Brazilian Perspective”.