maio 29, 2012 on 6:03 pm | In SOS Mata Atlântica | No Comments
A
presidente Dilma Rousseff não atendeu ao pedido de veto integral feito
pelos brasileiros. A decisão, anunciada na última sexta-feira (25/5),
desagrada cerca de 80% da população brasileira
que se declarou contrária ao projeto ruralista, segundo pesquisa do
Instituto Datafolha, e os mais de 2,5 milhões de pessoas que assinaram
petições pedindo o veto total.
O
Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável,
que reúne cerca de 200 organizações que defendem o meio ambiente, entre
elas a SOS Mata Atlântica, divulgou nota declarando que o veto parcial
da Presidenta Dilma Roussef foi insuficiente para sanar os graves
problemas do projeto e que as florestas continuam sob risco. Entre os
pontos de preocupação que permanecem estão a anistia a quem promoveu
desmatamentos irregulares e a redução da proteção em áreas sensíveis,
como áreas úmidas e topos de morros (confira
a nota na íntegra).
“A
nova lei traz anistia às multas, à ocupação dos manguezais e,
principalmente, à recomposição das áreas sensíveis desmatadas
anteriormente a 2008. Esse fato contraria o que foi dito na sexta-feira
passada pelos ministros e a promessa da presidente feita durante
campanha eleitoral”, pontuou André Lima, consultor jurídico da Fundação
SOS Mata Atlântica. O Brasil está de luto pelas florestas, mas mantém
firme o engajamento pelo movimento em prol da conservação ambiental.
Em
entrevista coletiva realizada ontem (segunda-feira), representantes do
Comitê afirmaram que o Governo aprovou 90% do PL que saiu da Câmara, e
os outros 10%, que vêm em forma de Medida Provisória, resgatou ou piorou
o básico do Senado. Segundo as organizações, Dilma desrespeitou pedidos
de cientistas, juristas, organizações da sociedade civil e movimentos
sociais para que o processo fosse realizado de forma responsável.
O
Comitê Brasil em Defesa das Florestas encerrou a coletiva de imprensa
afirmando que a mobilização #vetatudodilma, que ganhou força e liderou
os destaques nas redes sociais, não terminou. Assim também a luta por
uma legislação ambiental condizente com a expectativa da sociedade em
pleno século 21. Alexandre Conceição, do Movimento dos Sem Terra,
concluiu que “a única saída que nos resta é permanecer na luta, combater
o retrocesso e convocar o povo.” A mobilização continua.
Acompanhe as discussões sobre Meio Ambiente e legislação ambiental em http://www.observatorioparlamentar.org.br/ .
A
Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) divulgaram hoje os novos dados do Atlas dos
Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, para o período de 2010 a
2011.
Para o período de 2010 a 2011, foram verificados desflorestamentos de 13.312 hectares (ha), ou 133 Km². Destes:
- 12.822 ha correspondem a desflorestamentos,
- 435 ha correspondem à supressão de vegetação de restinga;
- e 56 ha à supressão de vegetação de mangue.
No dia 27 de maio (domingo), foi comemorado o Dia
Nacional da Mata Atlântica. Ela é a floresta mais ameaçada do Brasil:
restam somente 7,9% de remanescentes florestais em fragmentos acima de
100 hectares (fragmentos representativos para a conservação da
biodiversidade). Considerando todos os pequenos fragmentos de floresta
natural acima de 3 hectares, o índice é de 13,32%.
Estados
Da área total do bioma Mata Atlântica, 1.315.460
km2, foram avaliados no levantamento 1.224.751 km2, o que corresponde a
cerca de 93%. Foram analisados os Estados do Espírito Santo, Goiás,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e São Paulo e Bahia. Por causa da cobertura de
nuvens, que prejudicam a captação de imagens via satélite, foram
avaliados parcialmente os Estados da Bahia (57%), de Minas Gerais (58%) e
do Espírito Santo (36%). Nos demais Estados do Nordeste que estão
dentro dos limites do bioma – Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte – a análise foi impossibilitada
devido a ocorrência de nuvens.
Entre os Estados avaliados, Minas Gerais e Bahia
continuam em situação mais crítica, sobretudo nas regiões com matas
secas. “O alerta fica principalmente para Minas, o Estado que mais
perdeu em termos de floresta neste período”, observa Marcia Hirota,
diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata
Atlântica.
Em Minas Gerais, os desflorestamentos continuam
ocorrendo na região agora chamada de “triângulo do desmatamento”, onde
já foram identificados vários desflorestamentos no período anterior.
Nesta região, as florestas nativas estão sendo transformadas em carvão e
substituídas por eucalipto.
Novo Código Florestal e riscos
Flávio Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do
estudo pelo INPE, ressalta que a cada edição a avaliação tem sido feita
com mais agilidade e maior precisão, validando os desmatamentos em
imagens recentes de alta resolução e com trabalhos de campo. A base está
sendo complementada com as áreas de campos naturais, várzeas, matas
ciliares de forma a tornar as próximas versões mais completas e permitir
um melhor monitoramento dos impactos negativos decorrentes das
alterações do Código Florestal.
“Neste momento de crise, com o desmonte da
legislação brasileira e a alteração do Código, é importante ter esse
tipo de informação qualificada sendo gerada periodicamente para dar
suporte a políticas públicas. Este é um ano de eleições e é fundamental
que os candidatos a prefeito saibam qual é a base de Mata Atlântica que
possuem em seu município e se comprometam com a proteção e recuperação
da floresta”, diz Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS
Mata Atlântica.
Saiba mais:
- Veja mais detalhes e a situação dos munícipios que mais desmataram no portal da SOS Mata Atlântica
- Faça download das listas das cidades e seus dados sobre desmatamento em: http://bit.ly/LBCnUv
- Faça download de imagens relacionadas aos novos dados do Atlas (créditos para SOS Mata Atlântica/INPE)
- Acesse dados de desmatamento desde 1985 e o histórico do Atlas no portal da SOS Mata Atlântica
- Acesse o Atlas em http://mapas.sosma.org.br.
- Confira o boletim de Rádio Ecos da Mata sobre o assunto:
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