Em palestra, Fábio Hazin diz que aquicultura pode tornar o Brasil um grande produtor de pescado
Em
seu segundo dia de reunião em Brasília, o Conselho Nacional de
Aquicultura e Pesca (CONAPE), além de discutir importantes temas para o
setor, recebeu nesta quinta-feira (21) o professor Fábio Hazin, da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para uma palestra. O
tema foi a atividade pesqueira e aquícola no Brasil e no mundo, com
informações e análises do livro O Brasil e o Mar no século
XXI, publicação do Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra).
A
palestra de Hazin, que é vice-presidente do Comitê de Pesca da FAO/ONU e
ex-presidente da Comissão Internacional para a Conservação do Atum
Atlântico (ICCAT), foi proferida na presença do ministro Marcelo
Crivella.
De acordo com Hazin,
atualmente a aquicultura já é responsável por aproximadamente 50% do
abastecimento de pescado para o consumo humano em todo o mundo, e esta
participação deve crescer tendo em vista o aumento da demanda e a
estagnação da produção da pesca extrativa em torno das 90 milhões de
toneladas de pescado por ano, ao longo dos últimos cincos anos. Esta
limitação dos recursos pesqueiros tem levado os estaleiros mundiais a
reduzirem drasticamente a construção de novas embarcações.
Para
ele, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores mundiais de
pescado através da aquicultura, considerando as enormes reservas de água
doce do País, o extenso litoral e a existência de grãos para a produção
de ração.
Atividade pesqueira
Ao
contrário da atividade aquícola, a pesca oceânica no Brasil encontra
limitações naturais, conforme o vice-presidente do Comitê de Pesca da
FAO. É que as águas da costa Atlântica do País têm menos nutrientes do
que as do litoral dos países da costa do Pacífico, na América do Sul,
devido ao fenômeno da ressurgência. De qualquer forma, para aproveitar o
potencial do litoral brasileiro, ele recomendou o melhor monitoramento
da frota e do esforço de pesca. “Sem uma estatística pesqueira confiável
simplesmente não há como se planejar”, disse. Entretanto, ele destacou
que o MPA deu um passo importante ao solicitar ao IBGE para fazer o
trabalho, aproveitando a experiência deste órgão em pesquisas de campo.
Também fez outras recomendações, como o aproveitamento das espécies de
atum em disponibilidade e a modernização das embarcações brasileiras,
através da substituição das atuais, antigas e pouco funcionais, por
outras que seriam importadas hoje a preços mais baixos. O professor
sugeriu ainda a maior capacitação da mão de obra, o estímulo para a
cogestão de recursos, principalmente no âmbito do MERCOSUL, e a completa
autonomia do MPA para a elaboração das políticas públicas relacionadas à
gestão da pesca e da aquicultura.
CONAPE
Na
parte da manhã, após exposição do conselheiro Tito Capobianco, sobre o
risco da importação da tilápia asiática, o CONAPE decidiu criar um Grupo
de Trabalho (GT) para analisar a política de importação de pescado no
País, considerando aspectos tributários, trabalhistas, sanitários e
ambientais, entre outros. O comitê será formado por representantes do
MPA e de outros ministérios, além de membros da sociedade civil no
conselho.
O diretor do Departamento
de Ordenamento da Pesca Industrial do MPA, Mutsuo Asano, apresentou aos
conselheiros o Plano de Combate à Pesca Ilegal de Arrasto, que será
implantado pelo Governo Federal, após receber novas contribuições dos
conselheiros.
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