Micos-leões-da-cara dourada são repatriados com sucesso
25/03/2013
- Fonte: Comunicação ICMBio
Especialistas
em primatas estão transferindo micos-leões-da-cara-dourada de Niterói,
no estado do Rio de Janeiro, para o Sul da Bahia, seu habitat natural. A
ação é baseada em estudos que recomendam a remoção porque a espécie é
tida como invasora em Niterói, habitat de outro primata, o
mico-leão-dourado.
Inédita no Brasil, a operação é necessária para evitar que os dois grupos se encontrem, o que seria prejudicial à manutenção de ambas as espécies. Todo o processo obedece a protocolo recomendado por instituições internacionais de proteção animal. Tudo indica que os micos-leões-da-cara-dourada foram introduzidos em Niterói acidentalmente.
Até agora, foram capturados 104 indivíduos. Desses, 66 foram transferidos para a Bahia, 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro. Os especialistas calculam que metade dos animais já foi retirada da região de Niterói. Eles esperam capturar todos os remanescentes até o final do ano. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, o que é um bom sinal de adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada à nova área.
O programa de remoção é conduzido pelo Instituto Pri-Matas em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Primatas Brasileiros (CPB), unidade descentralizada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, Instituto do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (Inea) e secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói. E tem financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/Funbio, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund.
Leia, a seguir, relatório das ações produzido pelo Instituto Pri-Matas.
"O mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) habita a Mata Atlântica da região sudeste da Bahia e extremo nordeste de Minas Gerais e está ameaçado de extinção, classificado como “Em Perigo” pelas listas da IUCN e do Ministério do Meio Ambiente. Já o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é encontrado apenas em remanescentes de Mata Atlântica da região costeira do estado do Rio de Janeiro, e também foi incluído como “Em Perigo” nas listas citadas. As duas espécies estão ameaçadas principalmente devido à destruição de seus hábitats.
Em 2002 foram observados, pela primeira vez, indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada numa área florestada administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente do estado do Rio de Janeiro (Inea), em Niterói. Os indivíduos encontrados foram inadvertidamente introduzidos nessa área e sua população está se expandindo a ponto de ameaçar a sobrevivência dos micos-leões-dourados (nativos) que ocorrem nas regiões vizinhas. A espécie introduzida se alimenta dos mesmos recursos (frutos e insetos), usa os mesmos locais de dormida, os mesmos territórios e pode comprometer a sobrevivência do mico-leão-dourado através de competição direta e/ou introduzindo novas doenças.
Além disso, por ambas serem do gênero Leontopithecus, essas espécies podem vir a se acasalar, dando origem a híbridos que potencialmente ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica, o que representaria uma nova ameaça ao mico-leão-dourado. É urgente a remoção dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada da região de Niterói, São Gonçalo e Maricá antes que o aumento e a expansão da população introduzida tornem inviável sua retirada - e essa foi a principal recomendação dos órgãos governamentais e não governamentais envolvidos na conservação das duas espécies, por meio do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Assim, desde junho de 2012, a ONG Instituo Pri-Matas está capturando os micos-leões-de-cara-dourada introduzidos no Rio de Janeiro e, depois, transportando, soltando e monitorando esses animais numa área de Mata Atlântica protegida pela Veracel Celulose, em Belmonte, na Bahia, dentro da área de distribuição original da espécie.
Como os micos-leões-da-cara-dourada estão vivendo em matas vizinhas à cidade (com lixo, animais domésticos, casas etc.) e até recebem alimentos de moradores locais, podem pegar doenças das pessoas e, por isso, precisam passar por quarentena e fazer vários exames de saúde no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, do Inea, em Guapimirim (RJ), onde permanecem durante 30 dias e recebem alimentação e supervisão médica diária antes de serem transportados e soltos na Bahia.
Amostras de sangue, fezes, pelos e outros materiais biológicos são enviadas para laboratórios localizados nas universidades de São Paulo (USP), Federal Fluminense (UFF) e Paulista (UNIP), além dos institutos Pasteur (SP) e Biológico (SP), sob a coordenação do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Após a verificação da saúde dos animais, aqueles considerados saudáveis são transportados (cada família numa caixa separada) pela TAM Cargo para Porto Seguro (BA) e seguem para a área de soltura. Alguns indivíduos de cada grupo recebem rádio-colar e são soltos e monitorados na nova área, para avaliação do sucesso do procedimento. Os gastos com os exames e transporte são custeados pelas instituições parceiras.
Em Niterói, uma equipe de educação ambiental do Instituto Pri-Matas e técnicos do Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo Inea, também ajudam a explicar aos moradores da região a importância do projeto para a conservação dessas duas espécies ameaçadas de extinção.
Até o momento já capturamos 104 indivíduos e translocamos 66 para a Bahia; 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro. Calculamos que metade dos indivíduos já foi retirada da região de Niterói e até o final do ano esperamos capturar todos os remanescentes. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, uma indicação do sucesso da adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada na nova área.
O projeto tem apoio do CPB/ICMBio; da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro e do Inea; e das secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói. Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente – RJ), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/Funbio, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund."
Foto: Rodrigo Araújo, mico-leão-de-cara-dourada
Inédita no Brasil, a operação é necessária para evitar que os dois grupos se encontrem, o que seria prejudicial à manutenção de ambas as espécies. Todo o processo obedece a protocolo recomendado por instituições internacionais de proteção animal. Tudo indica que os micos-leões-da-cara-dourada foram introduzidos em Niterói acidentalmente.
Até agora, foram capturados 104 indivíduos. Desses, 66 foram transferidos para a Bahia, 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro. Os especialistas calculam que metade dos animais já foi retirada da região de Niterói. Eles esperam capturar todos os remanescentes até o final do ano. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, o que é um bom sinal de adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada à nova área.
O programa de remoção é conduzido pelo Instituto Pri-Matas em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Primatas Brasileiros (CPB), unidade descentralizada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, Instituto do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (Inea) e secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói. E tem financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/Funbio, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund.
Leia, a seguir, relatório das ações produzido pelo Instituto Pri-Matas.
"O mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) habita a Mata Atlântica da região sudeste da Bahia e extremo nordeste de Minas Gerais e está ameaçado de extinção, classificado como “Em Perigo” pelas listas da IUCN e do Ministério do Meio Ambiente. Já o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é encontrado apenas em remanescentes de Mata Atlântica da região costeira do estado do Rio de Janeiro, e também foi incluído como “Em Perigo” nas listas citadas. As duas espécies estão ameaçadas principalmente devido à destruição de seus hábitats.
Em 2002 foram observados, pela primeira vez, indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada numa área florestada administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente do estado do Rio de Janeiro (Inea), em Niterói. Os indivíduos encontrados foram inadvertidamente introduzidos nessa área e sua população está se expandindo a ponto de ameaçar a sobrevivência dos micos-leões-dourados (nativos) que ocorrem nas regiões vizinhas. A espécie introduzida se alimenta dos mesmos recursos (frutos e insetos), usa os mesmos locais de dormida, os mesmos territórios e pode comprometer a sobrevivência do mico-leão-dourado através de competição direta e/ou introduzindo novas doenças.
Além disso, por ambas serem do gênero Leontopithecus, essas espécies podem vir a se acasalar, dando origem a híbridos que potencialmente ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica, o que representaria uma nova ameaça ao mico-leão-dourado. É urgente a remoção dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada da região de Niterói, São Gonçalo e Maricá antes que o aumento e a expansão da população introduzida tornem inviável sua retirada - e essa foi a principal recomendação dos órgãos governamentais e não governamentais envolvidos na conservação das duas espécies, por meio do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Assim, desde junho de 2012, a ONG Instituo Pri-Matas está capturando os micos-leões-de-cara-dourada introduzidos no Rio de Janeiro e, depois, transportando, soltando e monitorando esses animais numa área de Mata Atlântica protegida pela Veracel Celulose, em Belmonte, na Bahia, dentro da área de distribuição original da espécie.
Como os micos-leões-da-cara-dourada estão vivendo em matas vizinhas à cidade (com lixo, animais domésticos, casas etc.) e até recebem alimentos de moradores locais, podem pegar doenças das pessoas e, por isso, precisam passar por quarentena e fazer vários exames de saúde no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, do Inea, em Guapimirim (RJ), onde permanecem durante 30 dias e recebem alimentação e supervisão médica diária antes de serem transportados e soltos na Bahia.
Amostras de sangue, fezes, pelos e outros materiais biológicos são enviadas para laboratórios localizados nas universidades de São Paulo (USP), Federal Fluminense (UFF) e Paulista (UNIP), além dos institutos Pasteur (SP) e Biológico (SP), sob a coordenação do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Após a verificação da saúde dos animais, aqueles considerados saudáveis são transportados (cada família numa caixa separada) pela TAM Cargo para Porto Seguro (BA) e seguem para a área de soltura. Alguns indivíduos de cada grupo recebem rádio-colar e são soltos e monitorados na nova área, para avaliação do sucesso do procedimento. Os gastos com os exames e transporte são custeados pelas instituições parceiras.
Em Niterói, uma equipe de educação ambiental do Instituto Pri-Matas e técnicos do Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo Inea, também ajudam a explicar aos moradores da região a importância do projeto para a conservação dessas duas espécies ameaçadas de extinção.
Até o momento já capturamos 104 indivíduos e translocamos 66 para a Bahia; 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro. Calculamos que metade dos indivíduos já foi retirada da região de Niterói e até o final do ano esperamos capturar todos os remanescentes. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, uma indicação do sucesso da adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada na nova área.
O projeto tem apoio do CPB/ICMBio; da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro e do Inea; e das secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói. Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente – RJ), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/Funbio, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund."
Foto: Rodrigo Araújo, mico-leão-de-cara-dourada
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