Ciência
30 de Setembro de 2012
Vida marinha
Aquecimento global pode diminuir tamanho dos peixes, diz estudo
Aumento da temperatura causaria a diminuição da quantidade de oxigênio disponível para os peixes, que passariam a crescer menos
O peso dos peixes pode diminuir de 14% a 24% entre 2001 e 2050, o equivalente à perda de 10 a 18Kg em um homem de 77kg
(Alexander Klein/AFP)
O aquecimento global não está modificando apenas a temperatura e a quantidade de oxigênio dos oceanos, mas também pode afetar consideravelmente o tamanho dos peixes, alertou um estudo publicado na edição desta semana da Nature Climate Change. De acordo com os autores, o peso máximo médio dos peixes analisados, considerando projeções de aumento de temperatura nos mares para as próximas décadas, pode diminuir de 14% a 24% entre 2000 e 2050.
CONHEÇA A PESQUISAUm dos elementos chave do tamanho dos peixes e invertebrados marinhos é sua necessidade energética: quando seu entorno já não é capaz de proporcionar esta energia para satisfazer suas necessidades, os peixes param de crescer - e a quantidade de oxigênio na água é para os peixes uma fonte de energia.
Título original: Shrinking of fishes exacerbates impacts of global ocean changes on marine ecosystems
Onde foi divulgada: revista Nature Climate Change
Quem fez: William W. L. Cheung, Jorge L. Sarmiento, John Dunne, Thomas L. Frölicher, Vicky W. Y. Lam, M. L. Deng Palomares, Reg Watson e Daniel Pauly
Instituição: Universidade de Columbia Britânica, Canadá
Dados de amostragem: modelos do impacto do aquecimento global em mais de 600 espécies de peixes
Resultado: Um oceano mais quente e com menos oxigênio fará com que os grandes peixes deixem de crescer.
"Obter oxigênio suficiente para crescer é um desafio constante para os peixes e, quanto maior o peixe, pior", disse Daniel Pauly, biólogo do Centro de Pesca da Universidade da Columbia Britânica em Vancouver, no Canadá. "Um oceano mais quente e com menos oxigênio, como se prevê com o aquecimento global, será mais complicado para os peixes grandes, o que significa que logo deixarão de crescer", acrescentou.
Pauly e seus colegas buscaram criar modelos do impacto do aquecimento global em mais de 600 espécies de peixes a partir de dois cenários climáticos comumente aceitos pelos especialistas para o período 2000-2050. Um dos modelos usados pelos cientistas, por exemplo, calcula um aumento global na temperatura atmosférica de 3,4ºC em 2100, comparado a 2000.
Em tal cenário, no fundo dos oceanos Pacífico, Atlântico, Índico e Antártico e Ártico, a temperatura pode aumentar 0,029; 0,012; 0,017; 0,038 e 0,037ºC, respectivamente, por década, até 2050. Isso significa uma redução do oxigênio presente nos oceanos. "Embora as alterações de temperatura e de oxigênio pareçam pequenas, suas consequências para o tamanho dos peixes é surpreendentemente grande", alerta o estudo.
O Oceano Índico será o mais afetado (24% na redução do peso máximo médio dos peixes e invertebrados marinhos), seguido do Atlântico (20%) e do Pacífico (14%). "Este estudo indica que, se as emissões de gases do efeito estufa não forem reduzidas, as consequências serão maiores que o previsto nos ecossistemas marinhos", alertaram os pesquisadores. "Outros impactos das atividades humanas, como a pesca excessiva e a contaminação, podem agravar o problema", acrescentaram.
(Com Agência France Presse)
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