Gerson Norberto é
médico veterinário graduado pela UFBA com 17 anos de carreira e 14 anos
trabalhando com zoológicos. É especialista em gestão de áreas degradas e
espécies ameaçadas pelo Jersey Wild Life Trust/UK.
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Intranet: Há quanto tempo você faz a gestão do Zoo Salvador? Exercia outra função antes de ser coordenador?
Minha
história no Zoológico de Salvador já tem 13 anos e foi dividida em duas
etapas. A primeira: entrei no Zoo em 1993, como estagiário, e fiquei
até o ano de 2001. Nesse período, graduei como veterinário pela Ufba,
fui contratado como veterinário do Zoo Salvador, depois fui promovido a
coordenador técnico e por fim, como coordenador geral.
Entre
2001 e 2006 estive fora realizando atividades com mamíferos aquáticos,
resgate e consultoria quanto à gestão de fauna e o programa antártico
brasileiro - do qual sou pesquisador convidado.
A
segunda fase: em 2007 fui convidado pelo governo do estado a voltar para
a coordenação geral do Zoo, afim de pensar e propor a re-qualificação
do Parque, missão que prontamente aceitei, por ser apaixonado tanto pelo
Zoo, como pelo propósito preservacionista do Zoológico, que é o seu
maior propósito.
I: Qual a importância de se ter um Parque Zoobotânico numa metrópole como Salvador?
Posso
dizer que são três alicerces bem definidos dentro do Parque: a educação
ambiental, o programa de pesquisa em prol da preservação da fauna e da
flora, e uma área de lazer direcionada para seus visitantes. Esta área
de lazer é um equipamento com ferramentas únicas que são utilizadas para
fomentar a consciência ambiental coletiva.
Apesar
de fazermos um trabalho sério e qualificado, voltado para a população,
vemos que ainda há resquícios de uma imagem negativa do Zoo que ficou
devido a antigos conceitos aplicados sem um propósito para o zoológico,
nas gestões anteriores. No entanto, o Zoológico de Salvador é vanguarda e
referência nacional quanto ao manejo, reprodução e pesquisa aplicada
com a fauna e flora brasileira.
I: Quais as principais atividades do Zoológico de Salvador?
Cito abaixo as nossas principais atividades:
-
Elaborar e executar o Programa de Educação Ambinetal (P.E.A.)
específico e correlacionados aos objetivos e temas da fauna e flora
silvestre;
- promover complemento técnico cientifico ao ensino médio e superior através do programa de estágio e cursos de especialização;
- consolidar-se como centro de pesquisa de relevância nacional e internacional, junto aos temas de preservação da fauna e flora silvestre;
- gerir o banco de genéticos “ex-situ”, operando com gametas da fauna e da flora silvestre;
- preservar “in situ” espécies silvestres, disponibilizando e mantendo unidades técnicas avançadas em áreas estratégicas no estado da Bahia;
- possibilitar a contemplação da vida selvagem e conscientização da inter-relação HOMEM e MEIO BIÓTICO.
- promover complemento técnico cientifico ao ensino médio e superior através do programa de estágio e cursos de especialização;
- consolidar-se como centro de pesquisa de relevância nacional e internacional, junto aos temas de preservação da fauna e flora silvestre;
- gerir o banco de genéticos “ex-situ”, operando com gametas da fauna e da flora silvestre;
- preservar “in situ” espécies silvestres, disponibilizando e mantendo unidades técnicas avançadas em áreas estratégicas no estado da Bahia;
- possibilitar a contemplação da vida selvagem e conscientização da inter-relação HOMEM e MEIO BIÓTICO.
I: Ao total, quantas espécies animais o Parque Zoológico atualmente possui no plantel? Quantas são brasileiras?
Temos
aproximadamente 1.500 animais, divididos em 142 espécies. Dessas 95%
são brasileiras e 5 % são espécies oriundas de outros países. Muitas
pessoas nos perguntam pelos leões, elefantes girafas, etc. Esses animais
são realmente encantadores e conheço técnicos e instituições que
trabalham de forma séria com essas espécies, em seus países de origem;
realizam um excelente trabalho de preservação, da mesma forma que
realizamos com o lobo guará, com a anta, com o jupará, com o macaco da
noite e com a harpia, só para exemplificar. Esse é nosso diferencial.
Trabalhamos
com espécies as quais temos chances reais readaptá-las, prepará-las e
enviá-las para os programas oficiais de soltura e repovoamento
elaborados tanto pelo governo estadual como federal. Devido a
questões/barreias sanitárias não temos como enviar um leão de volta para
África ou um tigre para a índia, por exemplo. Assim, se trabalhássemos
com o objetivo de preservar esses animais, seus destinos serias viver
para sempre no zoológico, e isso é o oposto do nosso propósito. Temos de
manter nossos visitantes sempre bem informados sobre este assunto.
I: Como Coordenador do Parque Zoobotânico de Salvador, quais foram as suas principais experiências dentro do Zoo?
A
experiência de atender a uma escola ou a um grupo de idosos e fazê-los
entender o que estamos fazendo em prol da preservação das espécies
sempre é uma vivência única. Vibro quando vejo os olhos deles brilhando e
entendendo o que estamos fazendo no Zoo. Precisamos levar esse
conhecimento e essas informações para os 50 mil visitantes mensais que
recebemos.
Além disso, o pôr do sol no Zoo, vendo
tanta beleza natural ao nosso redor, ouvindo tantos cantos, e sons
diferentes, sempre é um momento de renovação. Esses momentos reforçam a
vontade de ser cada vez mais atuantes nos assuntos ambientais do estado
da Bahia e no Brasil.
I: O Zoológico de Salvador aceita doações de animais silvestres feitas pela população?
Não.
Somos uma unidade legalmente subordinada ao Ibama e não podemos receber
animais em nossas portarias. Cada pessoa que deseje entregar um animal
silvestre deve levá-lo para o Centro de Triagem de Animais Silvestres
(Cetas/IBAMA), que fica no Cabula. O telefone está no site do Inema: 71-
3433-1241. Uma vez lá, os animais serão triados; os que já estiverem em
condições de soltura, serão soltos; os que ainda precisarem de cuidados
e de readaptação poderão recebê-las no Cetas, às vezes no Zoo, dentro
de um protocolo de segurança sanitária e legal, afim de não trazer
prejuízos, trazendo doenças aos animais que já são cuidados aqui.
I: Quando não funciona para a população, que tipo de trabalho é realizado pelos funcionários para a manutenção do parque?
Além
de executarmos todas as rotinas diárias, aproveitamos que estamos sem
visitantes circulando para realizar atividades de limpeza e manutenção
mais pesadas, utilizando tratores, veículos de carga e outros serviços
como soldas, pinturas pavimentação, etc. É uma atividade contínua, a fim
de garantir sempre um bom serviço para o público e a melhor condição de
vida para nossos animais.
I: Há algum tipo de recomendação que o Zoológico faz para seus visitantes?
Acima
de tudo, sempre procure perguntar a qualquer de um dos nossos
funcionários sobre qualquer dúvida durante seu passeio. Todos os nossos
funcionários são treinados e preparados para orientar o público.
Procurem sempre por pessoas fardadas e devidamente identificadas dentro
do Zoo.
Além disso, sempre leve com você água,
protetor solar, bonés ou chapéu durante a visita, procure sempre os
horários com temperatura mais amena (inicio da manhã ou final da tarde).
Evitem os horários entre onze da manhã e duas da tarde: além do sol ser
muito quente para o visitante, com certeza os animais estarão
utilizando os abrigos que montamos para que eles se protejam do calor
excessivo.
Não alimente os animais! Eles utilizam
um dos nossos 96 cardápios especializados! Nunca jogue neles garrafas,
tampas ou qualquer outro objetos, pois eles também sentem dor e sofrem
com isso. Se por acaso vir alguém fazendo isso comunique a algum dos
nossos funcionários.
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