Os desafios para a conservação arara-azul-de-lear
Casal de araras-azul-de-lear: espécie descoberta na década de 70 já enfrenta risco de extinção
Crédito: Patrick Pina
Os caminhos enfrentados pelos pesquisadores da Fundação Biodiversitas, que mantém um projeto de pesquisa sobre a reprodução da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari),
são desafiadores. Na Estação Biológica de Canudos, na Bahia, onde os
estudos são realizados, alguns ninhos da ave estão a mais de 100 metros
de altura, o que obriga o grupo de pesquisa a fazer longas caminhadas
carregando equipamentos para rapel e até descer extensos paredões de
arenito com o uso de cordas.
Diferente
de outras araras, a espécie não coloca seus ninhos em árvores, mas em
locais mais altos, como as cavidades naturais das rochas. Essa
estratégia da arara-azul-de-lear para proteger seus filhotes, no
entanto, não tem tido o efeito esperado: descoberta no final da década
de 70, a ave já figura a lista dos animais brasileiros ameaçados de
extinção.
Para
tentar reverter esse quadro, o projeto desenvolvido com o apoio da
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza tenta acompanhar o
desenvolvimento da espécie a partir do monitoramento de seus exemplares.
Érica Pacífico, pesquisadora responsável pelo projeto de conservação,
explica que "para monitorar as aves são utilizados transponders, que são microchips do tamanho de um grão de arroz implantados na pele das aves.".
O
acompanhamento, realizado desde 2008, resultou na identificação de 36
pontos nos quais a arara-azul-de-lear faz seus ninhos. Além de
identificados, os animais também passam por uma avaliação, a partir da
qual os pesquisadores conseguem verificar a saúde dos animais e entender
melhor seus hábitos de reprodução para definir ações assertivas de
conservação.
Apesar
de ser um projeto com longo prazo de execução, a simples presença dos
pesquisadores na Estação Biológica de Canudos já inibiu o tráfego de
aves na região. O compartilhamento das informações obtidas por meio dos
microchips com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está ajudando o órgão a mapear os principais locais onde as aves são capturadas.
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