Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.
Já se dá como certo que o Brasil, além de implantar a usina de Angra 3, em construção, terá pelo menos mais quatro usinas nucleares na região do Rio São Francisco - selecionadas entre quarenta locais disponíveis. E pretenderia associar-se à Argentina para produzir urânio enriquecido.
Deveríamos ir devagar com o andor, como diziam os antigos. O formato nuclear é a forma mais perigosa de gerar energia, dizem os cientistas. Sujeita a acidentes desastrosos. Trata-se também de uma energia muito cara. E que não tem solução para o seu lixo radiativo, altamente perigoso - que costuma ficar estocado nas próprias usinas, como em Angra I e II e em todos os países que têm esse tipo de usina.
A licença para implantar Angra III só foi concedida com a condição de que se encontrasse um depósito definitivo para esse lixo. Não se encontrou, mas a obra começou. E o cientista Carlos Nobre - que hoje coordena a política nacional do Clima - disse antes, aqui no Roda Viva, na TV Cultura, que os planos para Angra III deveriam ser revistos, porque ela ficará à beira-mar e o nível do oceano está se elevando no litoral fluminense.
Não bastasse tudo isso, o Brasil parece que vai mergulhar na complicadíssima área do enriquecimento e exportação do urânio, inclusive em parceria com outros países. É terreno delicado, sem solução para os resíduos e que costuma gerar questões e atritos internacionais. Seria importante discutir mais esses temas com a comunidade científica e os cidadãos.
Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco. Foi consultor do primeiro relatório nacional sobre biodiversidade. Participou das discussões para a Agenda 21 brasileira. Dirigiu vários documentários, entre eles a série famosa "Xingu" e, mais recentemente, "Primeiro Mundo é Aqui", que destaca a importância dos corredores ecológicos no Brasil.
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