14 de dezembro de 2014

Rio que abastece Salvador e RMS está em "situação de alerta"

texto de Anderson Sotero
FONTE: A TARDE
  • Fernando Vivas | Ag. A TARDE
    Rio Piaba, um dos afluentes do Paraguaçu, tem volume de água reduzido,
O rio Paraguaçu tem 614 quilômetros de extensão. Dele dependem 2,3 milhões de baianos em 86 municípios. É responsável também por 60% do abastecimento de água em Salvador e região metropolitana.
Mas a "caixa d'água" da capital, como a bacia do Paraguaçu é chamada, está ameaçada: uma série de degradações deixou o rio em "situação de alerta".
Quem dispara este aviso são estudiosos, pesquisadores, lavradores e moradores  do Alto do Paraguaçu, área da Chapada Diamantina que reúne, em 16 municípios, as nascentes que formam o rio e muitos dos seus afluentes.
O problema é que, na região da Chapada, as chuvas têm reduzido ano a ano. Desmatamentos, incêndios florestais, assoreamento dos cursos d'água e destruição da mata ciliar têm contribuído para a redução do volume do rio.
Para evitar situações futuras como a enfrentada em São Paulo, onde o sistema Cantareira, que abastece a capital e outras 12 cidades, teve a maior redução do volume de água, eles alertam que são necessárias ações de restauração ecológica e conservação.
"É um problema muito sério. A gente precisa agir para não passar pelo que São Paulo está passando. É o rio que abastece Salvador. Não está no nível como São Paulo, mas se não quiser passar pelo perrengue paulista, a sociedade baiana tem que acordar para o rio Paraguaçu", afirma o superintendente de Estudos e Pesquisas Ambientais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Luiz Antônio Ferraro.
Faltam estudos
No entanto, não há detalhamento sobre a atual situação do rio. Não se sabe, por exemplo, qual a redução de volume que o Paraguaçu tem sofrido e nem quantas nascentes já secaram. A alegação é que faltam estudos.
"A gente não tem projeções exatas. Sabemos que aumentou a demanda e a oferta de água tem reduzido. É o acumulo progressivo de pequenos danos. Num cenário pior, a gente pode ter risco de abastecimento. Não fazendo nada, o cenário não será bom", acrescenta. Segundo o superintendente, um plano da Bacia do Paraguaçu, que ainda está sendo construído, deve apresentar esses números.
"A situação hoje é de alerta que, se não preservar no futuro, a gente pode chegar a uma situação semelhante à São Paulo. São 2,3 milhões de habitantes que dependem dessa água, o que representa 17% da população baiana", acrescenta o coordenador do projeto Semeando Águas no Paraguaçu, Rogério Mucugê.
Patrocinada pela Petrobras com aporte de R$ 2,9 milhões, a iniciativa é executada pela ONG Conservação Internacional, que atua na área ambiental em 40 países, em parceria com a Sema e o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Inema).
"Nas nascentes, ocorre historicamente a degradação ambiental, desmatamento histórico para a produção agrícola, queimadas. Nos últimos dez anos, muitas delas secaram. Mas não é só revitalizar a nascente. Precisa revitalizar os afluentes também", afirma.
Um dos objetivos principais do projeto é traçar, até o final de 2015, um mapeamento que possibilite, em uma escala mais detalhada, verificar as áreas degradadas que necessitam de intervenção com maior urgência e as nascentes que compõem o rio, além de uma modelagem hídrica para verificar a situação da água em termos quantitativos.
O mapeamento é feito com imagens de satélites que conseguem mostrar as diferenciações de relevo, as declividades e, assim, identificam as nascentes. O estudo foca a região das nascentes do rio e seus afluentes no Alto do Paraguaçu, de Barra da Estiva a Morro do Chapéu.
"Não existem muitos estudos sobre o Paraguaçu. O último mapeamento foi feito em 1972. O nosso deve ficar pronto até janeiro de 2015", completa Rogério.

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