Cemitérios em SP produzem adubo orgânico e adotam 'enterro verde'
WESLEY KLIMPEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A onda de sustentabilidade, propagada já há algum tempo, chegou àquele
tema sobre o qual muitos evitam falar: a morte. Um novo sistema em que
resíduos orgânicos são transformados em adubo foi implantado em
cemitérios, e o procedimento já foi considerado até "case de sucesso"
pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Periodicamente, o Grupo Memorial --empresa responsável por cemitérios,
crematórios e cinerários-- faz o serviço de exumação de túmulo, para que
a família proprietária possa sepultar outra pessoa. Com os ossos
realocados, o material excedente é descartado. A partir desse novo
procedimento, madeira, tecidos, vegetação e solo são reaproveitados na
produção do adubo orgânico.
"Como não se pode jogar esse material em qualquer lugar, gastávamos
cerca de R$ 10 mil por mês com caçambas adequadas", afirma Victoria
Zuffo, gerente de operações do grupo. Depois da compra de um triturador
específico e da consultoria de um técnico de segurança, o procedimento
diminuiu os custos da empresa. Teve até um churrasco para os
funcionários, no fim do ano, pago com a economia.
Além do reaproveitamento dos resíduos de exumação, os cemitérios do
grupo --Memorial Parque Paulista (Embu das Artes) e Jardim Vale da Paz
(Diadema)-- também têm alguns projetos com a prefeitura, como a troca de
vasos plásticos deteriorados por mudas de árvores, ou então a venda de
metais de urnas para reciclagem.
"ENTERRO VERDE"
Uma tendência colocada em prática na hora da morte é o "enterro verde",
com modelos biodegradáveis de caixões --madeira, papel reciclado ou
vime-- ou então túmulos longe da cidade e de cemitérios.
A cremação, método antigo e alternativo ao uso do caixão, ganhou uma
opção sustentável também. O Grupo Memorial, por exemplo, adotou urnas
biodegradáveis para armazenar as cinzas. Dentro, é colocada terra e
plantada uma muda de árvore, para que, quando a planta crescer, o
recipiente se rompa e a árvore se torne um referencial à família.
Marco Túlio Fumis, CEO do Grupo, conta que encontrou dificuldade em
encontrar empresas que produzissem as urnas, além da resistência
interna. "Teve todo um processo de engajamento dos funcionários. Eles
foram motivados a pensar na sustentabilidade, a sair do comodismo."
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