Pesquisadores estudam tartarugas em Abrolhos
Thaís Alvesthais.lima@icmbio.gov.br
Brasília (01/11/2012) – O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral da Bahia, foi palco de pesquisa com tartarugas marinhas da espécie tartaruga-verde (Chelonia mydas). Uma equipe com seis pesquisadores do Instituto de Ensino, Pesquisa e Preservação Ambiental Marcos Daniel, de Vitória (ES), realizou trabalhos na unidade sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) durante o mês de outubro.
O objetivo da pesquisa foi verificar a presença da fibropapilomatose, doença caracterizada pela formação de tumores na pele das tartarugas e associada à ação de um vírus. A doença tem ocorrência mundial e, geralmente, está relacionada a ambientes costeiros com forte influência antrópica.
Durante os trabalhos, foram coletadas amostras de sangue de 30 tartarugas para dosagens toxicológicas que poderão elucidar a relação da fibropapilomatose com poluentes como, por exemplo, metais pesados e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPA). A pesquisa também será realizada no litoral de Vitória e no Atol das Rocas (RN).
Marcelo Renan de Deus Santos, médico veterinário e responsável pela pesquisa, considerou “preocupante” constatar a ocorrência de fibropapilomatose em Abrolhos pois trata-se de uma doença que ocorre principalmente em locais poluídos e pode indicar algum grau de desequilíbrio no ambiente. “Em Abrolhos, a proximidade da costa é um fator que deve ser considerado no estudo da epidemiologia da fibropapilomatose".
A pesquisa é parte do projeto de doutorado em Ecologia de Ecossistemas do professor Marcelo Renan, na Universidade Vila Velha, no Espírito Santo. A expedição foi custeada pelo Instituto de Ensino, Pesquisa e Preservação Ambiental Marcos Daniel, organização conservacionista sem fins lucrativos sediada em Vitória. O trabalho contou com o apoio logístico da equipe do ICMBio, especialmente da monitora Maria Bernadete da Silva, e, também, da equipe da Marinha do Brasil que hospedou a equipe na Ilha de Santa Bárbara.
Tartaruga-verde
Ameçada de extinção a tartaruga-verde é uma das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no país. O ICMBio desenvolve ações de monitoramento e pesquisa dessas espécies por meio do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tartarugas Marinas, o Tamar. Coordena ainda o Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Tartarugas Marinhas, composto por oito metas e 71 ações, com supervisão e monitoria anual do processo de implementação.
Herbívora, a tartaruga-verde habita pastagens tropicais e substagens tropicais e subtropicais nas principais bacias oceânicas do planeta. Estima-se que cerca de mil fêmeas desovem anualmente na ilha de Trindade (ES), entre 50 e 140 fêmeas no Atol das Rocas (RN) e não mais do que 17 fêmeas no arquipélago de Fernando de Noronha (PE). Registros são encontrados ao longo da costa, a partir do estado do Rio de Janeiro em direção ao norte do estado da Bahia e, ainda esporadicamente ocorrem também ninhos nos estados do Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte.
De acordo com o Tamar, a estimativa mundial da população é de 203 mil fêmeas em idade reprodutiva. As fêmeas têm biometria semelhante nos três sítios reprodutivos, com média de 115 cm de comprimento curvilíneo de casco, variando de 100 a 134 cm. A sazonalidade reprodutiva vai de dezembro a junho, quando nascem os últimos filhotes. Cada fêmea realiza entre uma e 11 posturas, com intervalos que variam de 10 a 13 dias. Cada desova varia de 50 a 193 ovos.
O tempo de incubação é de mais ou menos 55 dias. Ao entrar na água, o filhote adquire um comportamento alimentar onívoro, habitando a zona nerítica. A espécie torna-se herbívora quando atinge um comprimento de 20 a 35 cm, sendo a única espécie a ocupar este nicho.
Serviço:
Saiba mais sobre o PAN das tartarugas marinhas.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280
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