14 de maio de 2011

Criado por biólogo, software 'poupa' rãs nas aulas práticas

As 20 rãs que morreriam a cada ano nas aulas práticas de fisiologia e bioquímica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) podem respirar aliviadas. Para poupar os anfíbios de serem dissecados por alunos de Medicina, Ciências Biológicas, Enfermagem e Educação Física, o biólogo Francisco Cubo Neto, desenvolveu um software didático que se mostrou mais eficaz que o corpo dos animais para avaliar os reflexos medulares mediante estimulação química e mecânica.

O programa Fisioprat simula o mesmo procedimento feito em rãs de forma interativa e sem a necessidade de sacrificar o animal. O software foi desenvolvido por Neto em seu mestrado, voltado para a criação de materiais didáticos, que teve a orientação do professor Miguel Arcanjo Areas. "Fizemos um levantamento dos animais que eram usados em aulas práticas e constatamos que havia o uso de rãs e camundongos. A partir daí decidi criar um material que pudesse ser usado no lugar dos anfíbios", afirma.

Preocupado com a eficácia do material, que deveria servir como prática dos conteúdos teóricos, Neto criou animações que simulassem a rã e também acrescentou textos de apoio e questões de estudo de caso. "A compreensão do conteúdo é fundamental e, até então, não existia outra forma de demonstrar o mecanismo a não ser utilizando o modelo animal. Por isso, me preocupei em colocar mais informação", diz o biólogo, que contou com a sugestão de diversos professores do Instituto de Biologia da universidade.

Além disso, também foram incluídos estudos de casos, explicações sobre o procedimento e feedback em relação às ações do aluno. Por fim, por meio de imagem gráficas são feitas as incisões no animal. "Essa é uma das principais vantagens do Fisioprat, o fato de o aluno poder realizar o experimento mais de uma vez", afirma.

Para avaliar o nível de aprendizado do software, Neto realizou um teste com quatro turmas de cursos oferecidos pela Unicamp. Os 127 estudantes de Biologia, Medicina e Enfermagem fizeram a aula teórica normalmente e em seguida foram separados em dois grupos. O primeiro grupo realizou a aula prática tradicional e o segundo participou do estudo com o Fisioprat. Ao final das aulas, todos os universitários responderam um questionário sobre o conteúdo estudado. Os resultados apontaram que o mecanismo desenvolvido por Neto cumpre seus objetivos e ainda é mais eficaz, já que as notas mais altas foram observadas no grupo que utilizou o programa e não as rãs de verdade.

Para o biólogo, isso ocorre por dois motivos. "No Fisioprat, os estudantes trabalham em dupla. Já na aula com animais eles estudam com uma rã para cada dez pessoas. Além disso, no software são os alunos que manuseiam e controlam o procedimento, e com os anfíbios eles somente observam o que o professor faz", explica.

Atualmente, o Fisioprat está em processo de patenteamento e neste ano o uso de rãs será extinto da Universidade de Campinas. Em seu doutorado, Neto planeja desenvolver um programa que substitua os camundongos.

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