Franco Adailton
O animal cnidário (do mesmo grupo das águas-vivas e anêmonas) se reproduz de forma assexuada, provoca a extinção dos corais nativos e, pior, pode reduzir a oferta do pescado no longo prazo.
Com capacidade reprodutiva de duas a três vezes maior do que as espécies nativas, o coral-sol, se não combatido com urgência, dizem especialistas, causará impacto nas economias de cinco cidades: Salvador, Itaparica, Vera Cruz, Salinas das Margaridas e Maragogipe.
Localizado pela primeira vez na Bahia, em 2008, no naufrágio Cavo Artemidi, o coral-sol vem se proliferando no recife natural conhecido como "Cascos", sedimentado a 20 metros de profundidade na costa leste da Ilha de Itaparica (Grande Salvador), a 12 km da capital via mar.
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Pesquisa
Autor do projeto "Corais da Baía", o mestrando em Ecologia e Biomonitoramento pelo Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, Ricardo Miranda, 25, tem pesquisado formas de combater o coral-sol, cuja característica é suprimir as espécies nativas quimicamente.
O estudioso e o monitor de recifes de coral da ONG Pró-mar, José Carlos Barbosa, 49, foram os primeiros a detectar a presença de centenas de colônias do coral-sol no recife natural dos Cascos, no final de 2011.
"O que pode acontecer é a evasão de espécies marinhas dos corais, já que o coral-sol, além de não servir de comida, também come os plânctons que as alimentam", explica o biólogo, sobre os efeitos na cadeia alimentar.
Como parte da pesquisa financiada pela instituição inglesa de conservação ambiental Ruffur Foundation, a equipe do projeto Corais da Baía tem feito experimentos para combater o coral-sol.
Em um deles, detectou que o coral Montastraea cavernosa desenvolveu uma estratégia de contra-ataque ao coral-sol. No outro, identificou o verme-marinho poliqueta-de-fogo (Hermodice curunculata) como um predador natural do invasor.
"Temos que ampliar os estudos, porque não podemos simplesmente aumentar o número de vermes sem saber as consequências", explica ele, cujo projeto será concluído em agosto de 2014.
Remoção manual
Enquanto as pesquisas continuam em andamento, a remoção das colônias de coral-sol tem sido feita pelas ONGs de forma artesanal, com marretas e talhadeiras.
Na última quinta-feira, A TARDE acompanhou ambientalistas da ONG Pró-mar em uma expedição de monitoramento para analisar a expansão das colônias de coral-sol na região dos Cascos.
"O coral-sol não é apenas um bioinvasor, é uma praga", observa o presidente da Pró-mar, José Pinto, 49, o
Zé Pescador, cujo trabalho consiste em educar pescadores para a conservação da biodiversidade marinha.
Ele alerta que a retirada das colônias invasoras requer treinamento, sob o risco de o coral-sol espalhar novas larvas, caso seja removido de maneira errada.
"Nasce sobre qualquer surperfície: ostras, metal, concreto, fibra-de-vidro e até na lama", enumera, temoroso de que o coral-sol se prolifere nos manguezais.
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