Expedição acha 'continente perdido' a 1.500 km do litoral do Brasil
Vinícius Lisboa
Da Agência Brasil, no Rio de Janeiro
Da Agência Brasil, no Rio de Janeiro
Uma expedição do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), com a cooperação
da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec),
deixou pesquisadores mais perto de concluírem que a Elevação do Alto
Rio Grande, região mais rasa localizada a cerca de 1.500 quilômetro da
costa Sudeste do país, é uma parte da Plataforma Continental Brasileira
que se desprendeu e afundou com o movimento das placas tectônicas.
O anúncio foi feita no dia 06/05/2013 no Píer Mauá, no Rio de
Janeiro, onde representantes da Jamstec, da Embaixada do Japão no Brasil
e do governo brasileiro se reuniram para celebrar a cooperação entre
os dois países e para dar início à exposição A Nova Fronteira do
Conhecimento.
As novas conclusões foram obtidas a partir do apoio do submergível
japonês Shinkai 6500, capaz de chegar a 6.500 metros de profundidade e
que foi usado para coletar material da região do Alto Rio Grande. Por
meio de dragagem, pesquisadores brasileiros já tinham encontrado granito
na região e, agora, confirmaram a presença da rocha com os mergulhos
possibilitados pelo veículo. Menos denso que as rochas normalmente do
fundo do oceano, o granito está mais associado aos continentes. O Pão de
Açúcar, por exemplo, é feito de granito.
"O fato de haver um continente naquela região nos abre outras
possibilidades. Até que ponto [o achado] foi uma extensão de São Paulo
que se desgarrou e ficou para trás? Isso nos leva a pensar no que fazer
para a região. Não só conhecer, mas requerer essa área", disse Roberto
Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais do CPRM. Ele conta que o
Alto Rio Grande tem sido chamado de "Atlântida" no órgão em referência
ao mitológico continente que teria afundado no oceano.
O tamanho do Alto Rio Grande ainda não foi definido com clareza, mas
Ventura estima que seja comparável ao estado de São Paulo. O diretor
conta que países como Rússia e França já reivindicam áreas no Atlântico
Sul, onde a China também realiza pesquisas, o que torna o estudo
estratégico para o Brasil, que tem a maior costa do oceano. A longo
prazo, segundo o geólogo, a região pode se tornar um ponto de mineração
submarina, com a perspectiva de extração de ferro, manganês e cobalto.
O Shinkai 6500 custou cerca de US$ 130 milhões ao governo japonês e faz
pesquisas em águas profundas desde 1991. Também foram investidos US$
100 milhões no navio Yokosuka, para adequar a embarcação para
transportar o submergível. Hiroshi Kitazato, pesquisador japonês que
coordenou os trabalhos da Jamstec na expedição, destacou o interesse do
país asiático em pesquisar o oceano: "Essa é a região que menos foi
explorada no mundo inteiro. Então, acreditamos que é muito importante
pesquisá-la. Antes, o Shinkai fez expedições mais próximas ao Japão, no
Índico e no Pacífico".
Roberto Ventura conta que um submergível como o Shinkai e um navio como
o Yokosuka são tecnologias que "não podem ser compradas em
prateleiras", pois precisam ser desenvolvidas e operadas por pessoal
capacitado, condições de que o Brasil ainda não dispõe. O pesquisador
criticou a burocracia a que estão submetidas pesquisas científicas, que
precisam de importações de peças. "O nosso amadurecimento precisa ser na
questão burocrática também. Para a gente competir, do ponto de vista
tecnológico, em ciência, a gente precisa ser muito mais ágil", destacou.
O pesquisador do CPRM Eugênio Frazão esteve em um dos sete mergulhos em
grande profundidade. Ele levou cerca de uma hora e meia para atingir a
profundidade de 4.200 metros - o mergulho durou cerca de oito horas. Ele
destaca que, além de rochas continentais, foram encontradas espécies
não conhecidas em situações muito adversas e até um coral com
caraterísticas específicas de águas profundas.
A expedição Iatá-Piuna (navegando em águas profundas e escuras, em
tupi-guarani) teve início em 13 de abril, na Cidade do Cabo, na África
do Sul e percorreu, no primeiro trecho, a Elevação do Rio Grande e a
Cordilheira de São Paulo. No segundo trecho, será explorado o Platô de
São Paulo. Seis pesquisadores brasileiros acompanham o navio que depois
de pesquisar o Atlântico Sul, segue para o Mar do Caribe.
FONTES: http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/
www.iberoamerica.net
www.newsbcc.com/
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